A Alemanha é um centro de pesquisa líder mundial em tecnologia agrícola.

O número de patentes concedidas globalmente no setor de máquinas agrícolas e florestais mais que triplicou desde o início do milênio. As aplicações digitais, em particular, estão impulsionando esse ritmo de inovação.

O número de patentes concedidas globalmente no setor de máquinas agrícolas e florestais mais que triplicou desde o início do milênio. As aplicações digitais, em particular, estão impulsionando esse ritmo de inovação.

Um ponto particularmente positivo: a Alemanha ocupa a posição de destaque internacional como polo de pesquisa, também graças às instalações locais da empresa líder do setor nos EUA.

A AGRITECHNICA abre suas portas em Hannover no dia 9 de novembro. Cerca de 450.000 visitantes são esperados na maior feira mundial de tecnologia agrícola para conferir as últimas inovações do setor global. Como as patentes representam um dos indicadores mais significativos de inovação, este relatório analisa pedidos de patentes de fabricantes de máquinas agrícolas e florestais do mundo todo. A análise é realizada utilizando o banco de dados de patentes IW. Para garantir uma comparação significativa e justa entre os países, são considerados os pedidos de patentes transnacionais, especificamente aqueles que buscam ou buscaram proteção em múltiplos países, incluindo a Alemanha. Isso impede que qualquer país se beneficie de um suposto viés nacional durante a análise. Além disso, garante um padrão de qualidade consistente, já que todos os requerentes considerados devem superar os mesmos altos padrões. Como os pedidos de patentes estão sujeitos a um período de publicação, 2022 é o ano de depósito vigente no momento da análise. A avaliação incorpora dados de aproximadamente 370 fabricantes de máquinas agrícolas e florestais de 290 estruturas corporativas em todo o mundo que atuam no registro de patentes desde 2000.

A figura mostra o número de pedidos de patentes transnacionais de fabricantes de máquinas agrícolas e florestais, discriminados por ano de depósito e local de origem da inovação. Este último é determinado pela localização do(s) inventor(es) envolvido(s) no pedido de patente, pois reflete melhor onde a inovação foi gerada. Normalmente, trata-se de seu local de residência, que fica a uma distância que permite o deslocamento diário até a empresa onde trabalham.

Enquanto os fabricantes de máquinas agrícolas e florestais em todo o mundo registraram cerca de 460 patentes transnacionais em 2000, esse número tem aumentado quase continuamente desde então, chegando a aproximadamente 1.550 em 2022. Esse novo recorde significa que o setor mais que triplicou seus sucessos em inovação neste milênio. A força inovadora da Alemanha como polo de pesquisa é particularmente encorajadora, visto que o país ocupa uma posição de liderança internacional.

Os EUA ocupam, em média, o segundo lugar no período analisado de 2000 a 2022, embora tenham sido ultrapassados ​​pelo Japão pela primeira vez em 2022. Enquanto o Japão e a Itália demonstram um forte dinamismo, os EUA, como polo de pesquisa, estagnaram e até mesmo sofreram recentemente uma ligeira queda no poder de patentes em termos absolutos. A Alemanha, por outro lado, obteve ganhos significativos e consolidou sua posição de liderança após perdê-la brevemente para os EUA em 2016. Em média, no período analisado de 2000 a 2022, a Alemanha responde por 35% de todos os pedidos de patentes transnacionais na indústria global; em 2022, esse número chegou a 38% – apesar de uma leve queda relacionada à pandemia.

Este relatório analisa deliberadamente a origem das patentes, especificamente a questão de em qual região do mundo a inovação correspondente foi desenvolvida e, consequentemente, como a força dos polos globais de pesquisa no setor de máquinas agrícolas e florestais deve ser avaliada. Uma questão alternativa, sob a perspectiva da política industrial, seria qual país detém os direitos de controle das patentes relevantes. Um exemplo notável do setor demonstra que esta última perspectiva pode fornecer informações complementares valiosas: com um total de 4.790 pedidos de patentes transnacionais durante o mesmo período, a Deere & Co., com sede nos EUA, ocupa a posição de fabricante de máquinas agrícolas com maior intensidade de pesquisa no mundo. No entanto, aproximadamente metade dessas patentes teve origem em uma de suas instalações na Alemanha, principalmente em Mannheim. Isso levanta pontos relevantes para uma interpretação da política industrial. Embora a Alemanha seja de fato o principal polo mundial de pesquisa em máquinas agrícolas e florestais, também é importante examinar em quais países residem os direitos de controle das patentes correspondentes. Embora os fabricantes alemães também se beneficiem de inovações originadas em suas unidades no exterior, é provável que os EUA lucrem significativamente nesse cenário – simplesmente porque as inúmeras patentes da Deere desenvolvidas na Alemanha teriam que ser atribuídas aos EUA do ponto de vista do controle – assim como as inúmeras patentes da AGCO Corporation, que atua fortemente na Alemanha. Dadas as atuais tensões comerciais, essa perspectiva de controle inevitavelmente ganha importância. Portanto, ao avaliar a situação geral, deve-se fazer uma distinção entre fabricantes de máquinas agrícolas na Alemanha e fabricantes alemães de máquinas agrícolas.

Uma análise baseada nas classes tecnológicas da Classificação Internacional de Patentes (OMPI, 2025), citadas nos pedidos de patente, revela a estrutura tecnológica subjacente às inovações. Como esperado, o núcleo de todos os pedidos de patente de fabricantes globais de máquinas agrícolas compreende tecnologias da área A01, que inclui, por exemplo, o cultivo do solo, bem como o plantio, a semeadura, a fertilização, a colheita, a ceifa e a debulha. Em algumas dessas tecnologias centrais, a participação da Alemanha no mercado global de patentes é de 50% ou mais (ver Koppel, 2025), indicando, portanto, uma posição dominante para a Alemanha.

Contudo, se a produção de patentes da indústria de máquinas agrícolas fosse analisada unicamente com base na tecnologia da área A01 – e não, como neste relatório, considerando simultaneamente as empresas relevantes e toda a sua gama de tecnologias – a capacidade inovadora do setor seria significativamente subestimada. Além da tecnologia clássica mencionada, geralmente operada mecanicamente, os processos e produtos derivados das seções G e H da Classificação Industrial Padrão (CIP), focadas em digitalização e engenharia elétrica, tornaram-se comuns. A participação dessas duas seções da CIP em todos os pedidos de patentes para máquinas agrícolas e florestais aumentou de 4,3% no início do milênio para 16,1% atualmente. Em outras palavras, um em cada seis pedidos de patentes de fabricantes de máquinas agrícolas agora se relaciona inteiramente à digitalização e à engenharia elétrica. Em uma proporção ainda maior, a digitalização e a engenharia elétrica estão representadas, pelo menos parcialmente, juntamente com outras tecnologias.

Exemplos de aplicação de inovações digitais em máquinas agrícolas variam desde tratores, colheitadeiras e colhedoras de lúpulo que operam de forma autônoma até colhedoras de forragem digitalizadas e terminais baseados em drones que detectam diferenças na camada superficial do solo e calculam a taxa ideal de aplicação de sementes ou fertilizantes. As máquinas agrícolas modernas são, muitas vezes, produtos de tecnologia de ponta com robótica sofisticada e um alto grau de autonomia – o que se reflete no lema "Touch Smart Efficiency" da feira AGRITECHNICA deste ano.

Apesar do desempenho muito positivo da Alemanha como polo de pesquisa em comparações internacionais, o setor enfrenta diversos desafios decorrentes dos atuais desenvolvimentos políticos globais. Tradicionalmente, a Alemanha sempre foi atraente para inúmeros fabricantes estrangeiros de máquinas agrícolas, como Deere, AGCO e Husqvarna. Além da excelente capacidade de pesquisa e patenteamento dos fabricantes alemães de máquinas agrícolas, essas empresas, em particular, contribuem para a posição de liderança da Alemanha como polo de pesquisa e produção em comparações internacionais. A maior ameaça, portanto, não decorre da falta de inovação, mas sim das políticas tarifárias, comerciais e industriais nacionalistas em geral. Devido às barreiras comerciais tarifárias e não tarifárias já implementadas pelos EUA, inúmeros fabricantes alemães de máquinas agrícolas já sofreram perdas drásticas de receita. Somadas às necessárias contramedidas, as perdas para o setor serão enormes em todo o mundo – incluindo, e principalmente, a Alemanha. Resta saber se os fabricantes alemães e estrangeiros de máquinas agrícolas que atuam no registro de patentes na Alemanha conseguirão manter seu atual nível de inovação.