Os 3 grandes desafios do Bancolombia após completar 150 anos: entrevista com Juan Carlos Mora
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Mergulhar na história de uma das instituições financeiras mais emblemáticas do país para tentar definir os marcos que marcaram sua trajetória não é fácil, muito menos quando isso exige voltar o "filme" 150 anos, ou seja, até 29 de janeiro de 1875, quando foram abertas as portas da primeira agência do Banco de Colombia (hoje Bancolombia) em Medellín (Antioquia), quase meio século antes da criação do próprio Banco de la República.
A partir daí, começou a ser escrita a história de uma das maiores instituições bancárias do país, que hoje conta com mais de 30 milhões de clientes, 30.000 colaboradores, ativos de mais de 353 bilhões de pesos e um saldo de carteira de 270 bilhões, conforme consta em seu balanço consolidado.
Juan Carlos Mora está à frente da entidade desde 1º de maio de 2016, mas sua carreira na organização abrange mais de três décadas. Começou como analista de crédito, mas chegou à presidência do banco que hoje está presente em El Salvador, Guatemala, Estados Unidos e Panamá, neste último desde 1973, quando teve início seu processo de internacionalização.
Sobre esse século e medida, em que o Bancolombia também acompanhou o desenvolvimento do país, seu presidente falou com o EL TIEMPO sobre outros marcos e isto é o que ele nos contou:
Quais são os três marcos mais importantes do banco nessas 15 décadas? São muitas, mas eu diria que a primeira e mais importante é que transformamos a história ao abrir nossa primeira filial física em 1875, em Medellín. A segunda, sem dúvida, está na inovação de soluções, a partir do entendimento das necessidades dos nossos clientes. Por exemplo, em 1969 entregamos o primeiro cartão de crédito na Colômbia, em 1975 instalamos o primeiro caixa eletrônico, em 2006 abrimos o primeiro correspondente bancário em Chipatá (Santander), hoje são mais de 28.200 em quase 1.100 municípios colombianos. E acho que o terceiro marco merece destaque: fomos a primeira empresa colombiana a ser listada na Bolsa de Valores de Nova York, em 1995. Cada passo que damos, cada meta que alcançamos, é motivo para comemorar. Isso é confirmado por nossos mais de 30 milhões de clientes na Colômbia, Panamá, El Salvador e Guatemala.
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Juan Carlos Mora, Presidente do Bancolombia desde 1 de maio de 2016. Foto: Bancolombia
Ao longo da história crescemos lado a lado com nossos clientes, com inovação tecnológica, novos negócios e estruturas. Fomos pioneiros em diversas áreas, estabelecendo marcos no setor bancário colombiano e latino-americano. Há 150 anos nossa missão é a mesma: ser uma força motriz para o crescimento, emprego e desenvolvimento, objetivo que alcançamos sendo um aliado financeiro confiável e próximo que acompanha pessoas, empreendedores e grandes empresas em cada passo do caminho. Graças a eles, hoje somos muito mais que um banco: somos um grupo que oferece soluções para promover o desenvolvimento sustentável para o bem-estar de todos.
Ao longo da nossa história, fomos pioneiros em muitas frentes e hoje continuamos inovando com o mesmo espírito de abrir portas e conectar pontos. Estamos orgulhosos do que conquistamos, mas também estamos cientes da responsabilidade que isso acarreta. Cada desafio nos impulsiona a melhorar, a continuar sendo um banco próximo, humano e com propósito. E, com os olhos voltados para o futuro, continuamos construindo o amanhã junto com nossos clientes, funcionários e aliados.
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A Corporação de Poupança e Habitação (Conavi) foi criada em 1974 para fornecer empréstimos hipotecários. Foto: Bancolombia
Enfrentamos muitas crises, mas nossa adaptação, resiliência e inovação nos tornaram mais fortes. Nosso principal aprendizado foi ouvir, evoluir e permanecer engajados com nossos clientes, que impulsionam nosso crescimento. Em tempos de incerteza, entendemos suas necessidades e adaptamos produtos e serviços para apoiá-lo. Cada crise foi uma oportunidade de melhorar, e nós a superamos graças à nossa visão de longo prazo e valores fortes. Dessa forma, nos consolidamos como um banco forte, confiável e acessível, pronto para o futuro.
Há 52 anos o banco decidiu dar um passo em direção à internacionalização. Como tem sido essa experiência? Não há dúvidas de que hoje somos um banco regional com presença internacional. Iniciamos nossa expansão em 1973 com a abertura do primeiro escritório no Panamá e, desde então, tomamos medidas estratégicas para fortalecer nossa presença na América Latina e nos Estados Unidos. Muitos foram os marcos que nos acompanharam neste caminho: há 30 anos (1995), por meio do Banco Industrial Colombiano (BIC), nos tornamos a primeira empresa colombiana a ser listada na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), ao listar um ADR Nível III naquele mercado. Em 2008, adquirimos o Bancoagrícola em El Salvador, marcando o início de nossa incursão na América Central. Em 2012, adquirimos uma participação de 60% no Banco Agromercantil de Guatemala, expandindo nossa presença naquela região. Em seguida, em 2013, adquirimos a subsidiária do HSBC no Panamá, agora Banistmo, consolidando nossa posição. E recentemente, em 2022, lançamos o Bancolombia Capital nos Estados Unidos, o que tem sido fundamental para fortalecer nossa presença e negócios de investimentos no mercado norte-americano.
Esse processo tem sido um compromisso constante de nos adaptarmos às necessidades de cada geografia, estreitar laços com as comunidades que atendemos, oferecer um portfólio alinhado às suas necessidades e ser seu braço direito na construção de um futuro cheio de progresso e bem-estar.
Cada crise foi uma oportunidade de melhorar, e nós a superamos graças à nossa visão de longo prazo e valores fortes.
A pandemia foi um catalisador fundamental na aceleração da transformação tecnológica do sistema financeiro. Embora o setor já estivesse caminhando nessa direção, o contexto da crise nos obrigou a uma adaptação muito mais rápida e profunda. O isolamento social, as restrições de mobilidade e a necessidade de manter os serviços operacionais forçaram tanto as instituições financeiras quanto os clientes a mergulharem no uso de soluções digitais em grande escala, o que lhes permitiu fazer grandes avanços. Já tínhamos o Nequi e isso era um ponto muito valioso. Hoje, por meio desta plataforma, contamos com mais de 20 milhões de clientes, o que demonstra sua relevância na relação digital entre pessoas e dinheiro.
Não fosse a pandemia, a transformação teria sido muito mais gradual em termos de adoção de tecnologias como banco digital, pagamentos instantâneos e integração de sistemas de pagamento, entre outras questões.
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Atualmente, a Nequi conta com mais de 20 milhões de clientes. Foto:
Com o advento das chaves, buscamos tornar a experiência financeira mais fácil, eliminando a necessidade de memorizar longos números de contas. Graças a esta iniciativa, os clientes do Bancolombia, Nequi e outras entidades do setor financeiro podem transferir dinheiro instantaneamente, sem custos e sem complicações, usando apenas informações pessoais, como número de identificação, endereço de e-mail, número de celular ou uma chave alfanumérica. Junto com outras iniciativas do setor, como pagamentos com QR codes interoperáveis, esse passo nos permite avançar em direção a um sistema financeiro mais ágil, flexível e amigável às pessoas.
No Bancolombia, apoiamos a implementação de estruturas regulatórias que promovam a inclusão financeira e capacitem os usuários. Acreditamos que dados abertos e finanças abertas têm o potencial de transformar significativamente o setor financeiro ao facilitar serviços mais personalizados e adaptados às necessidades das pessoas.
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Hoje, os consumidores colombianos têm mais opções tecnológicas para substituir o dinheiro. Foto: iStock
Há alguns meses, solicitamos a aprovação para a criação de uma empresa-mãe que se chamará Grupo Cibest e que será a única acionista do Bancolombia e dos negócios financeiros e não financeiros que hoje fazem parte do Grupo, aqueles que nos colocaram na vanguarda. Continuamos a progredir em vários procedimentos perante reguladores e acionistas. Estamos no caminho certo e esperamos obter as aprovações necessárias nos próximos meses para consolidar o processo.
Quais são os desafios que nos aguardam, pelo menos na próxima década? Nos próximos anos, o setor bancário enfrentará desafios significativos que nos levarão a continuar evoluindo para estar mais próximos das pessoas e contribuir para o bem-estar de todos. Nesse processo, a transformação digital será um dos grandes impulsionadores dessa mudança. Os avanços tecnológicos, como a inteligência artificial e o blockchain, nos permitirão oferecer serviços mais ágeis, personalizados e seguros, mas também trarão novos desafios, como a segurança cibernética, para proteger a confiança do cliente e suas informações.
Outro desafio significativo será garantir que nossos serviços cheguem a mais pessoas, especialmente aquelas que ainda não têm acesso ao sistema financeiro. Para isso, estamos comprometidos em oferecer soluções que permitam a todos, independentemente de sua situação, acessar ferramentas que lhes permitam melhorar sua qualidade de vida e acessar um universo infinito de oportunidades.
Ao mesmo tempo, o setor bancário terá que se adaptar a novas regulamentações que nos exigem ser mais responsáveis e sustentáveis, para que além de mobilizar resultados econômicos bem-sucedidos, promovamos o bem-estar das pessoas, a preservação do meio ambiente e um futuro cheio de oportunidades.
eltiempo