Dúvidas sobre o futuro de Francia Márquez no governo Petro
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Durante três semanas, após a reunião ministerial televisionada e o pedido formal de renúncias, o governo de Gustavo Petro ficou em uma espécie de "stand by", diante da questão de qual ministro permanecerá e qual deixará a pasta. A situação já ficou mais clara em vários departamentos, mas o Ministério da Igualdade continua incerto sobre o que vai acontecer.
A noite de 4 de fevereiro, dia da reunião do Gabinete, serviu para evidenciar o duro rompimento entre o presidente Gustavo Petro e a vice-presidente e ministra da Igualdade, Francia Márquez. Este último aproveitou a oportunidade para questionar o presidente, a transparência do governo e até mesmo colocar em dúvida sua continuidade no Executivo.
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Francia Márquez, Vice-Presidente e Ministra da Igualdade Foto: Ministério da Igualdade
“Entreguei a ele minha carta de renúncia no mesmo dia em que ele me nomeou Ministro da Igualdade. Você sabe que coloquei isso na sua mesa para você assinar quando decidir", disse Márquez, que insistiu que permaneceria no governo até que o presidente Petro ordenasse.
Além de mostrar o rompimento do relacionamento, que já vinha sendo especulado, o que Márquez disse não teria caído bem para o presidente. Pessoas próximas ao Executivo afirmaram que Gustavo Petro concentrou grande parte de sua raiva em Márquez, já que foi ela quem começou as críticas ao vivo e chegou a replicar comentários da oposição sobre supostas "chantagens" de Benedetti ao presidente para mantê-lo em altos cargos.
As feridas do Conselho de Ministros acentuaram as discrepâncias com o vice-presidente devido à má execução. O Ministério da Igualdade foi a pasta com pior execução em 2024, com pouco mais de 3%. Assim, começaram a surgir fortes rumores de que Francia Márquez não continuaria como ministra e que ela seria uma das autoridades que sairiam após a crise política.
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Gustavo Petro, Presidente da Colômbia. Foto: Juan Diego Cano. Presidência
Já se passaram três semanas em que não se sabe ao certo qual será o futuro de Francia Márquez no governo Petro. Vários nomes já foram cogitados para sucedê-la em um Ministério cuja duração não ultrapassaria julho de 2026 se não fosse apresentado o projeto para corrigir as falhas de sua criação.
A lista inclui María Paz Gaviria, que por esses dias anunciou sua saída da direção da Artbo. A versão foi lida como um aceno ao Partido Liberal, já que ela é filha de seu diretor, o ex-presidente César Gaviria. No entanto, pessoas próximas ao ex-presidente disseram que as abordagens para entregar a pasta a ele eram falsas.
Outro nome que foi mencionado é o de Carlos Carrillo, atual diretor do UNGRD. Em meio à polêmica, ele foi um dos que apresentou sua renúncia formal, antes mesmo que o presidente a exigisse. Não houve resposta do presidente sobre sua possível saída da agência manchada pelo escândalo de corrupção de Olmedo López.
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Gustavo Petro e Francia Márquez se registrando como candidatos. Foto: Fotos: Milton Diaz El Tiempo
O último perfil mencionado para o cargo é o de Tamara Ospina, atual vice-ministra das Mulheres. Ela é muito próxima do presidente Petro e fontes confirmaram que nos corredores do Ministério da Igualdade se fala que ela seria a sucessora de Márquez. Esse fato gerou divisão, pois ele não tem tido boas relações com diversas autoridades, principalmente as próximas ao atual ministro.
Um ultimato Embora nomes estejam sendo apresentados para suceder Francia Márquez, seu futuro no governo ainda não foi definido. Há uma semana, o presidente e ela se encontraram em particular para discutir o assunto. Uma nova reunião teria ocorrido ontem, segunda-feira, 24 de fevereiro, na Casa de Nariño com as mesmas intenções.
Não se sabe muito sobre o que os dois que apareceram nas cédulas de 2022 falaram como uma fórmula. No entanto, o EL TIEMPO conseguiu saber de várias fontes que houve um ultimato naquela reunião. Foi da parte de Francia Márquez.
Embora ela tenha dito na reunião do Gabinete que sua carta de renúncia estava lá desde que assumiu o cargo, ela não estaria tão disposta a entregá-la. Segundo pessoas próximas ao vice-presidente e ao governo, ela teria dito ao presidente que também renunciaria à vice-presidência se ele deixasse o Ministério da Igualdade.
Este aviso coloca o presidente Gustavo Petro contra a parede. De acordo com a Constituição, se o vice-presidente renunciar, o Congresso deve se reunir para eleger seu substituto. Não está especificado se deve ser do mesmo partido ou algo assim. Normalmente, o legislativo aprova o que o presidente quer, mas relações ruins com o poder executivo podem levar à nomeação de alguém muito distante do presidente.
Seria um risco para o presidente deixar ao Congresso o poder de escolher seu substituto em caso de doença ou ausência total. Dessa forma, essa advertência de Márquez seria mais um fator a ser levado em consideração na hora de decidir se ele continuará ou não à frente do Ministério da Igualdade.
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Por que a reforma da saúde não pôde ser programada? Foto:
Juan Sebastián Lombo Delgado
eltiempo