O governo colombiano concedeu asilo político ao ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli.

Em nota divulgada neste sábado, 10 de maio, o Ministério das Relações Exteriores confirmou que o governo colombiano concedeu asilo político ao ex-presidente panamenho Ricardo Alberto Martinelli Berrocal.

O ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli Berrocal (2009-2014) viajou para a Colômbia neste sábado como solicitante de asilo político, após passar mais de três meses como refugiado na embaixada da Nicarágua na Cidade do Panamá.

A saída foi finalizada depois que o governo colombiano concedeu asilo formalmente e o governo panamenho autorizou um salvo-conduto.

"O Ministério das Relações Exteriores deseja informar que o presidente Gustavo Petro Urrego concedeu asilo político ao ex-presidente do Panamá, Sr. Ricardo Alberto Martinelli Berrocal, decisão que foi devidamente comunicada ao governo do país vizinho", afirmaram.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Panamá, o pedido de asilo foi apresentado oficialmente pelo presidente colombiano, Gustavo Petro, em nota dirigida ao novo presidente panamenho, José Raúl Mulino Quintero. Em resposta, o Panamá concedeu a passagem segura necessária para permitir a partida segura de Martinelli da missão diplomática da Nicarágua para um aeroporto local e, posteriormente, seu traslado aéreo para território colombiano.

O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia acrescentou: "A decisão se baseia na observância do princípio pró-pessoa e na tradição humanista da Colômbia de proteger pessoas perseguidas por motivos políticos".

O Ministério das Relações Exteriores do Panamá indicou que a decisão foi tomada em cumprimento aos compromissos assumidos na Convenção sobre Asilo de 1928 e na Convenção sobre Asilo Político de 1933, tratados assinados pelo Panamá, Nicarágua e Colômbia. Ambas as convenções estabelecem as obrigações dos Estados quanto à concessão de asilo e à provisão de passagem segura para garantir a saída dos requerentes de asilo.

Relatórios de rastreamento aéreo indicaram que o avião que transportava Martinelli estava perto de pousar na Colômbia no momento da declaração.

A saída de Martinelli, de 73 anos, marca o fim de um episódio diplomático iniciado em fevereiro de 2024 , quando o ex-presidente entrou na embaixada da Nicarágua após serem confirmadas sua condenação a mais de 10 anos de prisão e o pagamento de uma multa multimilionária no caso 'Novos Negócios' . Este caso envolve a suposta compra irregular de um conglomerado de mídia usando fundos públicos.

Durante o governo anterior, liderado por Laurentino Cortizo, o pedido de salvo-conduto foi rejeitado. Em março de 2025, com José Raúl Mulino já eleito e assumindo a candidatura presidencial de Martinelli após sua cassação, foi autorizada uma primeira tentativa de saída da Nicarágua, mas ela não se concretizou.

Além do caso "Novos Negócios", Ricardo Martinelli enfrenta outros processos judiciais no Panamá, incluindo aqueles relacionados a corrupção na construtora brasileira Odebrecht. Ele também tem processos abertos na Espanha por supostos pagamentos irregulares e um caso de interceptação de comunicações na ilha de Maiorca.