Exercícios aliviam depressão e ansiedade em crianças: é o que especialistas recomendam

Mais de três quartos das crianças e adolescentes sofrem de depressão ou ansiedade , levando os pais a buscarem desesperadamente soluções eficazes. Uma nova pesquisa da Universidade do Sul da Austrália mostra que algo tão simples como exercícios regulares pode ser uma intervenção poderosa para apoiar a saúde mental dos jovens .

Em uma grande meta-análise de 375 ensaios clínicos envolvendo mais de 38.000 jovens, pesquisadores da UniSA descobriram que quando as crianças participavam de programas de exercícios estruturados, seus sintomas de depressão e ansiedade melhoravam.

Especificamente, o estudo descobriu que a ansiedade melhorou mais com exercícios de resistência de baixa intensidade, como pesos leves ou atividades de circuito suaves.

Por outro lado, a depressão melhorou mais com treinamento de intensidade moderada, modalidade mista e resistência , incluindo circuitos que combinam programas aeróbicos e de força, especialmente em programas com duração inferior a três meses.

As maiores melhorias nos sintomas de depressão ocorreram em programas com duração inferior a 12 semanas, sugerindo que os benefícios podem aparecer relativamente rápido, especialmente em crianças de 12 anos ou mais.

Não foram observadas diferenças significativas entre a frequência das sessões semanais de exercícios. Crianças com depressão e TDAH também apresentaram as maiores melhoras com os exercícios.

O pesquisador principal, Dr. Ben Singh, da UniSA, diz que as descobertas oferecem aos pais uma solução de baixo custo e não invasiva para combater a saúde mental precária em crianças .

"Depressão e ansiedade são alguns dos problemas de saúde mental que mais afetam crianças e adolescentes ao redor do mundo", diz Ben Singh.

"Diretrizes de tratamento baseadas em evidências geralmente recomendam terapia cognitivo-comportamental e antidepressivos como intervenções de primeira linha; no entanto, entre 40 e 60 por cento das crianças não recebem tratamento ou não obtêm benefícios suficientes, então claramente precisamos de alternativas", observa o pesquisador.

Além disso, ele afirma que o exercício é uma estratégia de baixo custo e altamente acessível que pode fazer uma diferença real na saúde mental das crianças. No entanto, embora as pessoas saibam que o exercício é geralmente bom para a saúde e o bem-estar, o especialista ressalta que há poucas evidências que mostrem como o exercício funciona para crianças ou quais tipos de exercício podem funcionar melhor do que outros .

"Nosso estudo reúne evidências globais que mostram que exercícios leves e de baixa intensidade são altamente eficazes na redução da ansiedade em crianças e adolescentes, enquanto programas de média intensidade que combinam treinamento de resistência e aeróbico — como circuitos de treinamento com pesos — podem neutralizar a depressão", diz Singh.

O Dr. Singh também destaca que este estudo demonstra como o exercício é uma intervenção eficaz, acessível e baseada no estilo de vida que pode melhorar imediatamente os problemas de saúde mental das crianças sem primeiro recorrer à medicação.

Por sua vez, a professora Carol Maher, pesquisadora principal da UniSA, diz que os resultados reiteram a importância do exercício para a saúde mental.

" O exercício deve ser uma parte essencial do cuidado da saúde mental de crianças e adolescentes, seja na escola, na comunidade ou em ambientes clínicos", diz o professor Maher.

Para Maher, programas curtos e estruturados que incluem treinamento de força ou uma combinação de atividades parecem especialmente promissores, mas simplesmente se exercitar, mesmo por curtos períodos de tempo, trará benefícios.

Os especialistas também explicam que não há necessidade de gastar dinheiro em uma academia ou programa de treinamento, pois atividades recreativas, jogos e esportes são formas valiosas de movimento que podem contribuir para o bem-estar mental.

"A mensagem principal é simples: mantenha-se ativo e continue ativo. Mesmo períodos curtos de movimento podem fazer uma grande diferença na saúde mental e no bem-estar das crianças , especialmente daquelas que estão passando por dificuldades", observam os pesquisadores.