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O que vem a seguir para a Sanitas e seus usuários após a decisão do Tribunal Constitucional? Especialistas explicam as implicações.

O que vem a seguir para a Sanitas e seus usuários após a decisão do Tribunal Constitucional? Especialistas explicam as implicações.
Nesta quinta-feira, o Plenário do Tribunal Constitucional, em decisão de grande impacto para o sistema de saúde colombiano, revogou a intervenção administrativa imposta pela Superintendência Nacional de Saúde à Sanitas EPS e confirmou o direito fundamental ao devido processo legal das entidades do Grupo Keralty. Isso foi estabelecido na Sentença SU-277 de 2025, presidida pelo Juiz Juan Carlos Cortés González.
A decisão foi tomada após revisão da ação de tutela movida pela Clínica Colsanitas SA, Medisanitas SAS, Keralty SAS, Compañía de Medicina Prepagada Colsanitas SA, EPS Sanitas SAS, e Juan Pablo Rueda Sánchez, representante legal destas entidades, contra a Superintendência de Saúde, na sequência da intervenção forçada imposta por esta entidade em abril de 2024.

O Tribunal Constitucional tomou a decisão na sentença SU-277 de 2025. Foto: Cortesia

A tutela foi declarada inadmissível
Em instâncias anteriores, tanto o Tribunal Superior de Bogotá quanto a Suprema Corte de Justiça rejeitaram a ação protetiva, considerando-a inadmissível. No entanto, o Tribunal Constitucional decidiu reverter essas decisões e, em vez disso, manter o direito dos autores ao devido processo legal.
O Tribunal foi além, anulando as resoluções que levaram à aquisição e intervenção administrativa da EPS Sanitas. Especificamente, foram anuladas as seguintes:
  • Resolução 2024160000003002-6 de 2 de abril de 2024, que ordenou a incorporação da EPS Sanitas por um ano.
  • Resolução 2024100000003060-6 de 10 de abril de 2024, que corrigiu a anterior.
  • Resolução 2025320030001947-6 de 1º de abril de 2025, que prorrogou a medida por mais um ano.
Todas essas resoluções, conforme explicado pelo Tribunal, violaram os direitos ao devido processo legal das entidades afetadas, levando o tribunal superior a ordenar sua anulação. A decisão detalha que esta decisão foi tomada "de acordo com as disposições da fundamentação desta sentença", afirmou o tribunal superior em um comunicado.

Juan Pablo Rueda atua como presidente da EPS Sanitas desde 2019. Foto: Sanitas

O que vem a seguir para os usuários do Sanitas?
Embora ainda não se conheça a decisão completa do Tribunal Constitucional, já que até o fechamento desta edição apenas havia sido emitido um comunicado do tribunal superior, para especialistas como Natalia Jaimes, advogada especializada em direito trabalhista e previdenciário, fica claro que, com esta decisão, a Sanitas recupera o controle total de suas operações e seus usuários voltarão a ser atendidos sob o mandato da seguradora e não do Supersalud.
Ou seja, as decisões administrativas, financeiras e estratégicas, que por mais de um ano estiveram sob a supervisão direta da Superintendência Nacional de Saúde, estão novamente nas mãos da própria EPS. Considerando que o Supremo Tribunal Federal é a autoridade final, a Superintendência de Saúde, por ordem do Tribunal, deve cessar imediatamente todas as medidas de intervenção em curso, incluindo qualquer vigilância especial ou administração forçada.
No entanto, a decisão não significa uma isenção total para a Sanitas. Segundo o especialista, o Tribunal lhe dá uma nova oportunidade, mas também impõe um ônus claro: demonstrar que pode operar de forma responsável, eficiente e com uma abordagem centrada no usuário. "O Tribunal lhe dá uma nova oportunidade, mas também um ônus: demonstrar que pode operar com comprometimento com os milhões de usuários que dependem dela", enfatizou Jaimes.
É importante destacar que, durante a intervenção, problemas estruturais no EPS se agravaram, como atrasos na entrega de medicamentos, atrasos nas autorizações devido a dívidas com prestadores de serviços e escassez de especialistas. Esses fatores geraram uma onda de reclamações que permanecem sem solução até hoje. Nesse sentido, segundo Jaimes, "esses problemas não se resolvem com uma decisão judicial; eles se resolvem com gestão e estratégia. Agora é a vez da Sanitas se consolidar como um EPS de primeira linha", conclui o especialista.

A Superintendência de Saúde interveio na Sanitas em abril do ano passado. A medida foi prorrogada neste ano. Foto: Arquivo privado

Por enquanto, nem a Superintendência da Saúde, nem o sindicato EPS (Acemi), nem a própria Sanitas, nem o grupo empresarial Keralty comentaram sobre o caminho a seguir após a decisão do Tribunal Constitucional. No entanto, para especialistas como Jaimes, está claro que a EPS, que antes da intervenção era uma das seguradoras mais reconhecidas e elogiadas do país, voltará a estar sob o controle de seus proprietários.
Mesmo assim, analistas de saúde alertam que, em qualquer caso, a Superintendência de Saúde também poderia cumprir integralmente a decisão, mas decidir implementar uma nova medida de intervenção com base em novos argumentos. Segundo o médico e ex-Superintendente de Saúde Conrado Gómez, como a decisão do Tribunal se baseou em erros processuais, a Superintendência de Saúde poderia adotar uma medida semelhante novamente, corrigindo os erros.
"É muito interessante ver o que acontecerá com os efeitos da intervenção e quem arcará com o aumento de passivos que possa ter sido gerado, bem como com eventuais perdas financeiras. Mas, se for uma medida processual, não sei se a Superintendência poderá impor (uma nova medida cautelar) novamente, corrigindo a situação. Precisamos conhecer a decisão e o processo", disse o especialista, que também é coordenador do Centro de Pesquisa e Treinamento da Organização Ibero-Americana de Seguridade Social.
Intervenção da Supersalud piorou o atendimento na Sanitas
No caso da Nueva EPS e da Sanitas, os auditores da Supersalud não conseguiram atingir sua meta de melhorar o atendimento ao longo do último ano. A medida de controle foi prorrogada em abril deste ano para ambas as entidades, nos dias 2 e 3 de abril, marcando um ano desde que a Supersalud assumiu o controle. Agora, o governo terá mais 365 dias para continuar tentando. Este é um número significativo, considerando que essas seguradoras estão entre as com maior número de associados: 11,6 milhões na Nueva EPS e 5,7 milhões na Sanitas.
No caso da Sanitas, os números até o momento mostram que, em vez de melhorar, a situação piorou. Por exemplo, no caso da Sanitas, os indicadores vêm caindo neste último ano sob a administração da Supersalud. Em 2023, a Sanitas recebeu um total de 185.634 reclamações e, em 2024, recebeu 221.565, representando um aumento de 19% nas reclamações e reivindicações dos usuários desta seguradora de saúde.
Nos meses anteriores à intervenção, ou seja, janeiro, fevereiro e março de 2024, a Sanitas acumulou 15.071, 15.721 e 14.367 reclamações, respectivamente. Um ano depois, durante a intervenção da Supersalud, a seguradora registrou 23.495 reclamações em janeiro e 20.931 em fevereiro de 2025. Os números de março deste ano ainda não são conhecidos.

Os indicadores de desempenho da Sanitas deterioraram-se durante a intervenção do Supersalud. Foto: César Melgarejo/El Tiempo @cesarmelgarejoa

Uma fonte próxima à intervenção disse ao EL TIEMPO que os PQRDs, de fato, têm sido a principal dor de cabeça durante o processo. "Houve uma média de reclamações entre 22.000 e 23.000 por mês. No entanto, em novembro (de 2024), o número caiu para 21.000", explicou a fonte.
Jornalista de Meio Ambiente e Saúde
eltiempo

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