Georges Abdallah: Após 40 anos atrás das grades, o libanês deixará sua prisão francesa na sexta-feira

"O passe foi assinado" pelas autoridades libanesas e recuperado pelas autoridades francesas na terça-feira, disse Ziad Taan, encarregado de negócios da embaixada libanesa, que há anos pede à França a libertação de Georges Abdallah. Seus familiares realizarão uma coletiva de imprensa em Beirute na tarde de quarta-feira. O Tribunal de Apelação de Paris ordenou sua libertação na última quinta-feira, "a partir de 25 de julho", com a condição de que ele deixasse o território francês e nunca mais retornasse. Ele tinha direito à libertação desde 1999, mas já havia visto seus doze pedidos de libertação serem rejeitados, tornando-o um dos detentos com mais tempo de prisão no país.
Jornalistas o encontraram na tarde da decisão, acompanhando a deputada da LFI, Andrée Taurinya, que o visitou em sua cela, cujas paredes estavam cobertas com uma bandeira vermelha de Che Guevara, um mapa-múndi e adesivos pró-palestinos. "Quarenta anos é muito tempo, mas você não sente isso quando há uma dinâmica de luta", garantiu Georges Abdallah. A duração de sua detenção é "desproporcional" aos crimes cometidos e, dada a idade — 74 anos — do ex-líder das FARL (Facções Armadas Revolucionárias Libanesas), decidiram os juízes do tribunal de apelações.
Este pequeno grupo de marxistas cristãos libaneses, há muito dissolvido, "não cometeu nenhuma ação violenta desde 1984", lembrou o tribunal, que viu em Georges Abdallah um "símbolo passado da luta palestina". Embora lamentando que ele não tenha "evoluído" ou expressado "pesar ou compaixão pelas vítimas que considera inimigas", os juízes consideraram que Georges Abdallah, que deseja "terminar seus dias" em sua aldeia no norte do Líbano, talvez se envolvendo na política local, não representa mais um risco de perturbação da ordem pública.

VALENTINE CHAPUIS/AFP
Na época dos eventos, no contexto da Guerra Civil Libanesa e da invasão israelense do sul do Líbano em 1978, as FARL visavam os interesses de Israel e de seu aliado americano no exterior. Antes da prisão de Georges Abdallah em 1984, o grupo havia atacado cinco vezes na França, matando dois diplomatas em 1982: o tenente-coronel americano Charles Ray, e o então israelense Yacov Barsimantov, considerado o chefe do Mossad na França, morto a tiros por uma mulher na frente de sua esposa e dois filhos.
Apenas Georges Abdallah compareceu ao tribunal de Paris, identificado pelas impressões digitais encontradas em um esconderijo parisiense repleto de explosivos e armas, incluindo a pistola usada nos dois assassinatos. O ex-professor sempre negou seu envolvimento, recusando-se a condenar "atos de resistência" contra a "opressão israelense e americana". Em 1987, foi condenado à prisão perpétua, em um contexto singular: à época de seu julgamento, havia se tornado o inimigo público número um e o prisioneiro mais famoso da França, erroneamente considerado o responsável pela onda de atentados de 1985-1986 que deixou 13 mortos e espalhou a psicose pelas ruas de Paris.
SudOuest