BBVA estima que Aragão criará até 18.000 empregos em dois anos
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A economia de Aragão, protagonista de algumas das principais notícias econômicas de 2024, continua no caminho certo. Segundo o BBVA, a região pode criar até 9.000 empregos adicionais nos próximos dois anos, muitos deles na área de serviços profissionais. Uma perspetiva “favorável” que deixará o desemprego nos 8% e será acompanhada por aumentos do PIB inferiores aos do ano passado (3%), mas que ficarão acima da média europeia.
Além disso, o relatório regional apresentado hoje pelo banco de Zaragoza não leva em consideração os 40 bilhões de euros em investimentos anunciados na comunidade no ano passado, o que permitiria uma revisão para cima dos dados à medida que estivessem disponíveis. “Por enquanto são apenas anúncios. Nesse sentido, somos bastante cautelosos na hora de incluí-los”, explicou Miguel Cardoso, economista-chefe do BBVA Research.
Economia A perspectiva pode ser revista para cima à medida que os anúncios de investimento se materializamSegundo a análise, a economia aragonesa mostrou “grande dinamismo” em 2024, impulsionada pelo bom desempenho da procura interna, especialmente do consumo privado e do turismo. Reflete também uma melhoria na competitividade regional devido à queda dos preços do petróleo e ao aumento das energias renováveis, à queda da inflação e à redução das taxas de juros.
Diante desse cenário, o banco espera que Aragão feche 2024 com um crescimento do PIB de 3%, que passaria para 2,2% e 1,8% nos próximos dois anos.
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Cardoso citou o baixo crescimento da construção civil, as incertezas políticas em torno da economia (tarifas americanas, redução da jornada de trabalho e processo de consolidação fiscal) e a queda das exportações, principalmente do setor automotivo, como motivos para essa desaceleração.
"Os europeus não estão comprando carros feitos em Aragão", disse o economista, que também destacou os "tempos difíceis" enfrentados pela Alemanha, um de seus principais parceiros estrangeiros. "Há dúvidas se a economia alemã se recuperará no curto prazo ou se seus problemas são de natureza estrutural", acrescentou.
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Este ano, o emprego permaneceu dinâmico na capital Saragoça, lar de metade da população aragonesa, e nas áreas urbanas de Huesca e Teruel. Isso foi ajudado pelo dinamismo na contratação de nacionais e pelo aumento da população ativa de origem imigrante, que representou entre 20% e 25% dos empregos criados em setores como turismo e hotelaria.
Olhando para os próximos meses, o mercado de trabalho será impulsionado pela criação de novos empregos no setor de serviços, que representará entre 50% e 60% do crescimento total do emprego. Este setor inclui empregos em restauração e hotelaria, bem como atividades relacionadas com tecnologias de informação e comunicação, consultoria e banca privada.
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Olhando para o futuro, o BBVA destaca que um dos principais desafios é promover políticas que incentivem o investimento, especialmente no mercado imobiliário em áreas urbanas, onde a oferta insuficiente pode limitar o desenvolvimento econômico.
Há também preocupação quanto ao futuro da indústria automotiva em uma região onde ela tem influência predominante. “As pessoas ficam muito incertas sobre qual veículo comprar. Os preços ainda são mais altos que os dos motores de combustão e há falta de infraestrutura de carregamento. Não esperamos soluções rápidas e eficazes, o que vai atrapalhar o crescimento do setor", acrescentou Cardoso.
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