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O passado sombrio das universidades alemãs: até 65% dos profissionais médicos se juntaram aos nazistas

O passado sombrio das universidades alemãs: até 65% dos profissionais médicos se juntaram aos nazistas
  • "Durante a era nazista, a medicina estava profundamente imersa em ideologias. Esses não eram casos marginais", disse a Profa. Sabine Hildebrandt durante a sessão científica "Locais de Ciência, Cenas de Violência: Anatomia e o Passado Nazista na Memória Pública", organizada pela Universidade Médica de Wrocław (UMW).
  • - Se a ciência for subordinada à ideologia e aos objetivos políticos, e não às pessoas, ela pode se tornar uma ferramenta do crime - acrescentou.
  • A sessão científica, organizada no Departamento de Anatomia da Universidade Médica de Wrocław, fez parte da celebração do 75º aniversário da universidade sob o lema "Passado - Presente - Futuro"
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A anatomia — uma ciência que deveria ter servido para compreender o corpo humano — foi usada como arma de assassinato na Alemanha nazista. Hoje, as faculdades de medicina, sucessoras das universidades que operaram durante o Terceiro Reich, têm a tarefa de lidar com seu passado sombrio. Os participantes da sessão científica "Sítios da Ciência, Cenas de Violência: Anatomia e o Passado Nazista na Memória Pública", organizada pela Universidade Médica de Wrocław (UMW), discutiram como conduzir esse processo.

A convite da Dra. Kamila Uzarczyk, do Departamento de Humanidades e Ciências Sociais da Universidade Médica de Wrocław, a universidade foi visitada por especialistas de renome mundial: a Prof. Sabine Hildebrandt, da Faculdade de Medicina de Harvard e do Hospital Infantil de Boston, e o Prof. Herwig Czech, da Universidade Médica de Viena.

Os três são membros da Comissão Lancet sobre Medicina, Nazismo e Holocausto: Evidências Históricas, Implicações para Hoje, Ensino para o Amanhã — uma equipe internacional de pesquisadores que não apenas documenta crimes médicos, mas também desenvolve recomendações. O relatório abrangente, publicado em novembro de 2023 na revista The Lancet, foi apresentado pela Professora Sabine Hildebrandt, especialista em anatomia durante o período nazista.

"A medicina estava profundamente imersa em ideologia naquela época. Não eram casos marginais, mas um processo sistêmico que envolvia universidades, institutos e um grande grupo de médicos", lembrou Hildebrandt.

Nas décadas de 1930 e 1940, anatomistas aceitavam os corpos das vítimas e colaboravam ativamente com o aparato estatal. Em 1945, 50% a 65% dos médicos alemães haviam se filiado ao Partido Nazista, apoiando visões racistas e eugenistas e o programa Aktion T4, que visava exterminar pessoas com deficiências e doenças mentais. Eles usavam os cadáveres como material para pesquisas científicas e para a formação de futuros médicos.

Durante décadas, o tema desses crimes foi amplamente ignorado, embora espécimes anatômicos criados durante a Segunda Guerra Mundial continuassem a ser usados ​​para pesquisas. Foi somente nas décadas de 1980 e 1990 que a escala do fenômeno começou a ser desvendada. O símbolo dessa história sombria foi o popular atlas anatômico de Eduard Pernkopf (publicado pela primeira vez em 1937), um anatomista austríaco que serviu primeiro como Reitor da Faculdade de Medicina e depois como Reitor da Universidade de Viena, e foi membro do NSDAP (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães). Com suas ilustrações precisas de órgãos, músculos, ossos, nervos e tendões, a publicação foi considerada uma ferramenta excepcional para estudantes e médicos.

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Um atlas de anatomia eticamente e moralmente questionável

"No final da década de 1990, uma comissão foi criada em nossa universidade e determinou que os espécimes anatômicos usados ​​para criar as ilustrações do atlas provavelmente pertenciam a vítimas do regime nazista. Os dados coletados indicam que somente o instituto anatômico de Viena recebeu os corpos de pelo menos 1.377 indivíduos executados", explica o professor Herwig Czech, historiador médico austríaco.

A Elsevier suspendeu a impressão e a distribuição do atlas e doou o material original ao Josephinum, um museu de história da medicina da Universidade de Viena. "Oficialmente, o uso do atlas não foi proibido. Ele pode ser adquirido no mercado secundário, mas os aspectos éticos e morais de seu uso permanecem em aberto", acrescenta o professor Herwig Czech.

Ética, moralidade e reconciliação com o passado desempenham um papel importante no trabalho e nas mensagens da comissão The Lancet. "Se a ciência for subordinada à ideologia e a objetivos políticos, em vez de à humanidade, ela pode se tornar uma ferramenta assassina", explica a Professora Sabine Hildebrandt. "Portanto, recomendamos que a educação em todo o mundo abranja a história da medicina durante a era nazista e o Holocausto, e que os alunos aprendam não apenas anatomia, mas também responsabilidade, o que pode prevenir abusos na área da saúde."

A equipe internacional também recomenda a identificação, o sepultamento digno e a restauração das histórias das vítimas. Trabalhos e comemorações semelhantes já ocorreram em vários países europeus, incluindo Viena e Berlim. Wrocław também não está imune ao legado sombrio da história alemã.

Segundo a Dra. Kamila Uzarczyk, há evidências de que os corpos de presos políticos foram usados ​​para fins de pesquisa e ensino em Breslau na época: "Daí a ideia de organizar uma reunião e, ao mesmo tempo, uma discussão aberta sobre o nosso passado. Temos a obrigação moral de dizer a verdade e ensinar aos alunos que a ciência não pode justificar violações dos direitos humanos."

A sessão científica, organizada no Departamento de Anatomia da Universidade Médica de Wrocław, fez parte da celebração do 75º aniversário da universidade sob o lema "Passado - Presente - Futuro".

"Este é o momento certo para, seguindo as recomendações de especialistas neste tema complexo, confrontar a história da Breslávia alemã. Sabemos que o acervo do nosso Museu de Anatomia inclui artefatos da era Breslávia. Estamos prontos para verificá-los e, se necessário, restaurar a justiça, a identidade e honrar a memória das vítimas do sistema totalitário", resume o Professor Piotr Ponikowski, Reitor da Universidade de Ciências Ambientais e da Vida de Breslávia.

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