As mudanças climáticas forçaram um experimento agrícola bem-sucedido. Os resultados superaram as expectativas.

No Vale do Rio Yagnob, no Tajiquistão, localizado a uma altitude de mais de 2.300 metros acima do nível do mar, foi testado o cultivo de diversas espécies de plantas comestíveis. Os resultados superaram as expectativas: todas as plantas se adaptaram e a produção de batata atingiu 400 quintais por hectare, informou o portal de notícias tajique Asia Plus.

Cientistas da Academia Nacional de Ciências do Tajiquistão conduziram um experimento em resposta às mudanças climáticas, que estão sendo impulsionadas pelo aumento das temperaturas e pela redução da irrigação nas regiões mais baixas do país. Eles descobriram que o clima de alta montanha, o ar puro e os solos férteis oferecem oportunidades únicas para experimentos agrícolas.

Na aldeia de Chiszortob, localizada a uma altitude de mais de 2.300 metros acima do nível do mar, campos experimentais foram estabelecidos nesta primavera para testar o desempenho de plantas típicas de terras baixas em condições de alta altitude. Na segunda quinzena de maio, os cientistas semearam e plantaram batatas, milho, sementes de girassol, trigo, grão-de-bico, ervilhas, abóbora, sorgo, tomates e pepinos. Vale ressaltar que, na Europa, o cultivo em tais altitudes é praticamente impossível.

- Queríamos verificar como as plantas conhecidas nas terras baixas se comportariam em condições de alta montanha (...) e quais variedades são mais adequadas para a agricultura futura em um clima em mudança - disse Khurbonali Partoyev, PhD em ciências agrícolas.

Os cientistas usaram fertilizantes orgânicos e minerais e seguiram diretrizes agrícolas: eles afrouxaram as áreas entre as fileiras, regaram-nas, removeram ervas daninhas e documentaram as mudanças morfológicas das plantas e seu crescimento.

Todas as culturas se adaptaram e produziram colheitas abundantes . Testes com mais de 20 variedades de batata — nativas e importadas da Rússia e dos Países Baixos — mostraram-se particularmente valiosos. Algumas variedades tadjiques produziram colheitas de 300 a 400 quintais por hectare.

- Este é um bom resultado, confirmando a perspectiva deles - observou outro cientista, Dr. Mavlon Kurbonov.

As variedades russas produziram de 280 a 390 q/ha e amadureceram de 10 a 12 dias antes das demais, o que os especialistas consideraram uma vantagem significativa. As variedades holandesas também foram muito produtivas, atingindo 370 q/ha. Além da produtividade, os pesquisadores observaram outro fenômeno importante: a floração abundante da batata e o desenvolvimento das sementes.

"Esta é uma característica genética extremamente importante que abre uma ampla gama de possibilidades. (...) O ar puro da montanha, a água de nascente, o solo fértil e a ausência de pragas fazem de Yagnob um laboratório natural único", enfatiza o Dr. Kurbonali Partoyev.

Os resultados obtidos inspiraram os cientistas a continuar seus experimentos. Eles estão convencidos de que o Vale do Yagnob pode se tornar não apenas uma joia turística, mas também um campo de testes de pesquisa, onde poderão surgir soluções para adaptar a agricultura às mudanças climáticas.

"Todas as plantas que plantamos produziram bons rendimentos. Isso significa que expandiremos nossa pesquisa e introduziremos novas variedades. O vale do Rio Yagnob tem o potencial de se tornar um verdadeiro laboratório natural para o Tajiquistão", concluiu o Dr. Kurbonov.

O Tajiquistão é um país localizado na Ásia Central. 93% de sua área é coberta por montanhas, principalmente as montanhas Pamir e Alay. O pico mais alto está a 7.495 metros acima do nível do mar. O Vale do Rio Yagnob, onde o experimento foi realizado, situa-se em altitudes que variam de 2.300 a mais de 3.000 metros acima do nível do mar e é habitado em grande parte pelo povo Yagnob, um grupo muito pequeno de origem iraniana que fala a língua Yagnob. Considera-se que a língua está em extinção e é falada por apenas alguns milhares de pessoas, a maioria idosos. (PAP)

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