DOMINGO XV DO TEMPO COMUM A Compaixão revela a Fé verdadeira: Vai e faz o mesmo!

A liturgia da palavra para este XV Domingo do tempo comum, apresenta-nos a proximidade de Deus para com o Homem e o reconhecimento de cada crente na Sua presença nas diversas circunstâncias e situações da vida das pessoas.Por isso, os desafios que a Palavra de Deus nos coloca, vão ao encontro do reconhecimento de um Deus que na criação do Seus Povo, está próximo, está na Sua Palavra, “está na tua boca e no teu coração” e na plenitude dos tempos “Cristo Jesus é a imagem do Deus invisível” que está no meio do Seu Povo. Contudo, a proximidade e a presença de Deus, pelo ensinamento de Jesus, Seu Filho, está também naquele que reclama compaixão e naquele que se deixa compadecer por alguém que sofre.Assim, a Parábola do Bom Samaritano que Jesus conta, toma a centralidade do ensinamento da Palavra proclamada para iluminar os que procuram os caminhos de Deus ou os que se sentem tão cumpridores que necessitam de algo chocante, para que possam cair na realidade.A primeira leitura do Livro do Deuteronómio, apresenta-nos o momento em que Moisés diz ao Povo a sua obrigação de dar ouvidos à voz do Senhor e de cumprir os seus preceitos e mandamentos, para que a conversão ao Senhor Deus aconteça “com todo o teu coração e com toda a tua alma”.Por isso, Moisés alerta o Povo que a Lei imposta não está acima das forças de cada um, nem fora do seu alcance. É realizável e possível de concretizar na vida de cada um, porque “está perto de ti, está na tua boca e no teu coração, para que a possas pôr em prática”.É esta lei, com estes preceitos e mandamentos que eram propostos como caminho para alcançar a vida eterna e que na personagem do texto do evangelho, o doutor da lei, vai interrogar Jesus para experimentar a sua sabedoria e a sua doutrina.Assim, o evangelista São Lucas, apresenta-nos uma das páginas mais belas do ensinamento de Jesus Cristo, com a Parábola do bom Samaritano, para fazer entender ao doutor da lei que Amar a Deus e ao Próximo, não é uma ideia ou um mandamento que fica no ar, mas é a forma e a atitude que nasce da compaixão do coração e se realiza na concretização da ajuda ao necessitado.Afinal a resposta de Jesus à pergunta do doutor da lei, “e quem é o meu próximo”, tem como objetivo incentivar a fazer o mesmo “então vai e faz o mesmo”. É assim que, a credibilidade da doutrina e do ensinamento de Jesus, toca o coração dos que com humildade aceitam ser ensinados, já que provocam a reflexão interior e a avaliação entre o que se sabe de cor e o que se põe em prática.A parábola propriamente dita, é a resposta à pergunta “Quem é o meu próximo?” e realça a origem ou posição religiosa dos que são as personagens desta história: O homem que caiu nas mãos dos salteadores, pode ter qualquer origem, posição social ou religiosa; quem passa pelo caminho onde está este homem são: um sacerdote, um levita e um samaritano. Os dois primeiros têm conhecimento da lei de Deus e praticam o culto religiosamente, mas têm também um conceito de próximo, muito restritivo aos elementos da família e pouco mais. Por isso, colocam a questão da sua função do templo, acima da necessidade do que precisa de ajuda, já que se o fossem ajudar ficavam impuros, segundo os preceitos do culto, e por isso não poderiam exercer no templo. Os Samaritanos eram considerados sem importância, impuros e não tinham a mesma fé, mas é um Samaritano que na parábola assume a ajuda e o tratamento do que caiu nas mãos dos salteadores, já que ele se encheu de compaixão.A chave interpretativa desta parábola que Jesus conta é precisamente a compaixão, a capacidade de se compadecer por alguém em sofrimento e assim compreendemos a conclusão retirada da pergunta que Jesus retribui ao doutor da lei: “Qual dos três te parece que tenha sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?”Como disse o saudoso Papa Francisco:” Se diante de uma pessoa necessitada não sentires compaixão, se o teu coração não se comover, quer dizer que algo está errado. Não nos deixemos arrastar pela insensibilidade egoísta. A capacidade de compaixão tornou-se a pedra de toque dos cristãos, aliás do ensinamento de Jesus. O próprio Jesus é a compaixão de Deus-Pai por nós”.
Que procuremos cuidar do nosso coração, para que seja sensível e se compadeça perante aquele que sofre e que clama por ajuda, para que a nossa fé seja realmente vivida e fortalecida na ação que brota da compaixão sincera perante o que Jesus nos pede: “Então vai e faz o mesmo!”
Jornal A Guarda