Novas suspeitas podem alterar acordo de Cid, mas impacto político é baixo

Apesar de provas seguirem válidas, especialistas creem que Cid pode perder benefícios negociados com Ministério Público. Para eles, a possibilidade de fuga —caso o passaporte tivesse sido emitido— e de quebra do sigilo da delação —nas supostas mensagens— justificariam a medida.
Suposto plano de fuga não tem relação com conteúdo de colaboração premiada. "Caso tenha havido a tentativa, isso não tem ligação com a delação. Se esse plano for comprovado, ele pode perder os benefícios", diz Beto Vasques, professor de estratégia de comunicação política da FESPSP. Ele afirma que, ainda que fique comprovado que Cid mentiu em algum aspecto, que o processo todo fica sob suspeição.
Delações de Cid são parte de um processo amplo, ressalta o professor. "As provas encontradas no celular dele continuam existindo, há outras versões como a do general Freire Gomes que corroboram a delação de Cid."
Acordos de delação têm regras. Em geral, o colaborador não pode sair do país até o fim do processo nem conversar com terceiros sobre conteúdo revelado. O de Cid previa, por exemplo, pena máxima de até 2 anos para crimes que, pela lei, podem render mais de 40 anos de prisão.
Expectativa no meio jurídico é de que réus acusados de tentativa de golpe sejam condenados. A qualidade dos indícios reunidos pela investigação combinada às condenações dos envolvidos no 8 de janeiro são fatores para a crença.
Cid foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Tenente-coronel do Exército, ele é acusado de participar de uma tentativa de golpe de Estado que envolveu o ex-presidente e outros membros do governo no fim de 2022. O caso é julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
uol