Novo trabalho de Gaya de Medeiros em estreia absoluta nos Festivais Gil Vicente

Arranca esta quinta-feira e estende-se até ao dia 14 (sábado da próxima semana) a 37.ª edição dos Festivais Gil Vicente, que, entre espectáculos de artes performativas, oficinas e debates, ocupará três espaços vimaranenses, o Centro Cultural Vila Flor (CCVF), o Teatro Jordão e o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG). Um dos destaques do programa constitui a estreia absoluta de Corre, bebé!, criação de Ary Zara e Gaya de Medeiros (esta sexta, pelas 21h30, no CCVF).
Vencedor da sétima edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, o projecto multidisciplinar, que cruza performance e cinema, apresenta “um conjunto de reflexões sobre os conflitos e desejos da parentalidade”, resume em comunicado A Oficina, que organiza os Festivais Gil Vicente em conjunto com o município de Guimarães e o Círculo de Arte e Recreio. “Um casal de pessoas trans, num cenário pós-apocalíptico, pensa sobre o que pode ser gerar bebés nesse contexto. Expectativas, problemas conjunturais e inseguranças são abordados de forma poética”, escreve a cooperativa que é responsável pela gestão de vários espaços culturais de Guimarães, como o CCVF e o CIAJG (mas não só).
Em estreia absoluta será apresentado também Se Não For Tu, espectáculo da criadora brasileira Era Rolim. Oscilando entre o teatro e o cinema, centra-se numa mulher “marcada pela perda trágica dos pais num acidente de carro, um acontecimento que a deixou com uma obsessão: saber o que aconteceu nos 30 segundos que antecederam a fatalidade”. Se Não For Tu, que marcará o arranque dos Festivais Gil Vicente (esta quinta às 21h30 no CIAJG) foi um dos projectos vencedores da terceira edição do Projecto CASA, bolsa de incentivo à “experimentação” e à “emergência de novas linguagens cénicas” concedida pelo CCVF, pel’O Espaço do Tempo e pelo Cineteatro Louletano.
No fim-de-semana, entre uma oficina de dramaturgia, uma masterclass sobre interpretação e um debate sobre as dificuldades sentidas por aspirantes a profissionais das artes performativas no que toca à entrada no mercado de trabalho, sobe ao palco do CCVF Enciclopédia da Vida Sexual (dia 7 às 21h30), comédia sobre poliamor que Pedro Gil estreou recentemente no Centro Cultural de Belém, em Lisboa (será Pedro Gil a ministrar a masterclass sobre interpretação).
No fim-de-semana seguinte, o encerramento fica por conta de Marco Paiva, que traz, também ao Vila Flor, a sua versão do shakespeariano Ricardo III (21h30), na qual a palavra é substituída pelo gesto. O espectáculo é levado à cena em Língua Gestual Portuguesa e Espanhola. Antes disso, Pedro Nunes apresenta Matriarca ‘74 no CIAJG (dia 12) e Joana Cotrim e Rita Morais trazem Viagem a Lisboa até ao CCVF (dia 13).
“Uma conversa entre uma avó e um neto”, Matriarca ‘74 é, sugere a Oficina, um espectáculo “sobre o poder revolucionário da voz, da escuta e do silêncio” — sobre “o feminismo de uma mulher septuagenária”, sobre “um Abril por cumprir”. Viagem a Lisboa é, por seu turno, uma peça sobre “o colonialismo, o racismo e a experiência dos retornados”, partindo de um texto original de Isabela Figueiredo.
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