Selecione o idioma

Portuguese

Down Icon

Selecione o país

Portugal

Down Icon

Polémica no CCB chega a Avignon

Polémica no CCB chega a Avignon

A rede Prospero, uma importante organização do circuito das artes performativas europeias, repudiou este domingo o afastamento de Aida Tavares do Centro Cultural de Belém. A conferência de imprensa em Avingon, França, à margem do Festival de Testro, começou com uma nota de “tristeza” pela saída da gestora cultural do CCB, a instituição portuguesa que faz parte da rede europeia de teatros.

Antes de proceder à apresentação das novidades na rede, Serge Rangoni, diretor do Teatro de Liège e coordenador da Prospero New, começou por dizer como lamentava que Tavares tivesse saído “sem razão aparente” da instituição cultural. “Estamos com a Aida desde o teatro São Luiz”, recordou, revelando: “Foi a Aida que sugeriu que fossemos com ela para o CCB”. “Agora não teremos mais a Aida e estamos muito, muito tristes com isso. Quero em nome da rede expressar a nossa tristeza um profundo desejo de que volte ou que esteja connosco a dada altura”, disse perante os jornalistas. Também Tiago Rodrigues, diretor do Festival de Avignon e membro da rede, corroborou a ideia: “Além da injustiça desta decisão, é também uma perda para a qualidade do trabalho que tem sido desenvolvido nesta instituição e no país”.

O posicionamento público da rede de teatros surge quase 10 dias depois de ter sido noticiada a demissão da diretora artística do CCB. Em resposta a uma pergunta do Observador sobre o timing escolhido para a nota, Serge Rangoni admitiu: “Só soubemos há uns dias que a Aida ia sair, ela anunciou-o o aqui, por isso é que só expressámos a nossa tristeza agora”.

Aida Tavares diz ter sido demitida da direção artística do Centro Cultural de Belém. Nuno Vassallo e Silva diz que “ninguém foi despedido”

Foi Aida Tavares que trouxe a rede Prospero — agora Prospero New — para o Centro Cultural de Belém, pouco depois de assumir as funções de diretora artística. No passado, um dos seus legados no São Luiz também já havia sido a integração do teatro lisboeta na prestigiada rede.

Aida Tavares, que permanece em funções até ao final do mês, estava presente na sala em Avignon, ao lado de Cláudia Belchior, coordenadora Geral Executiva das Artes Performativas e Pensamento do CCB. Questionada pelo Observador, Belchior, a atual interlocutora sobre todas as matérias ligadas às artes performativas naquela casa, considera que “é normal que os parceiros manifestem pesar pela saída de uma pessoa que no fundo voltou com o projeto da Prospero para o CCB”. “Agora, acho que também é importante aqui dizer-se que o CCB vai continuar com a Prospero”, sublinha, lembrando que a própria fez parte da primeira Prospero (“Estava a trabalhar com o Mega Ferreira e com a Grabriela Cerqueira”, recorda).

Com a programação da próxima temporada do CCB já fechada (integralmente programada por Aida Tavares), Cláudia Belchior diz-se “entusiasmada”, mas também “expectante para saber o que é que vai acontecer em novembro, em que será anunciada a decisão para a nova diretora ou diretor artístico” de artes performativas do CCB. Questionada se concorreu ao cargo a concurso, Belchior é taxativa: “Não. Sou uma gestora por carreira, fui nove anos presidente do Teatro Nacional e é isso que me interessa, gerir pessoas, gerir equipas, fazer aquelas coisas chatas que ninguém gosta, gerir orçamentos”, contesta a este jornal, lembrando que acumula o cargo de presidente da European Teathre Convention (ETC).

Sobre o facto de Aida Tavares, mesmo depois de ter sido afastada da instituição, estar envolvida até ao último momento nas negociações em Avignon sobre a programação de espetáculos, Cláudia Belchior não vê qualquer desconforto. “Acho que é o contrário”, rebate. “Ela está em funções até ao dia que saia e nesse aspeto acho que tanto ela como o CCB foram muito honestos um com o outro, que é: até ela sair é ela que toma as decisões.”

A rede Prospero New conta atualmente 19 membros, entre eles a Schaubühne de Berlim, o Théâtre de Liège, na Bélgica ou o Dublin Theatre Festival, na Irlanda. A presença dos membros tem uma duração de cinco anos, iniciados em janeiro último. “Alargámos para 19 membros, o que quer dizer que são muito mais produções a circular ao longo destes cinco anos e também o nível de co-produções vai ser maior”, diz Cláudia Belchior, após a apresentação das novidades da rede, que procura, entre outras coisas, impulsionar a visibilidade de artistas que já se tenham estabelecido numa dimensão nacional. “Queremos dar a oportunidade de finalmente terem a possibilidade financeira e as ligações para mostrarem o seu trabalho internacionalmente e se fixarem nestes polos”, resume a responsável.

Para a coordenadora geral executiva das artes e pensamento do CCB, “a Europa infelizmente ainda é muito desigual, com oportunidades muito distintas” e Portugal está “muito longe do que são os grandes centros de produção da Europa, como França, Alemanha, Bélgica, em que gozam de um financiamento público ao qual não chegamos”. A integração na rede Prospero New é “muito importante para países chamados da periferia europeia”, nomeadamente para “Portugal, como todo o leste europeu, que finalmente têm a possibilidade de mostrar o trabalho dos artistas que estão a fazer um trabalho digníssimo a nível de qualquer trabalho europeu”. Através da Prospero podem “mostrá-lo de forma condigna e com condições financeiras, que é um dos pontos mais fortes desta rede”, a “justiça de igualdade salarial”. “Tenho imensas esperanças que nestes cinco anos consigamos por alguns dos nossos artistas na Europa e sobretudo com ligações aos teatros para a partir daí também poderem ser co-financiandos por esses teatros para mostrarem o seu trabalho”, antecipa.

O Observador está em Avignon a acompanhar o Festival de Avignon a convite do Centro Cultural de Belém, Culturgest e Teatro Municipal do Porto

observador

observador

Notícias semelhantes

Todas as notícias
Animated ArrowAnimated ArrowAnimated Arrow