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Saiba como pedágio urbano mudou cidade de Nova York

Saiba como pedágio urbano mudou cidade de Nova York

Nova York | The New York Times

Mudanças políticas frequentemente levam anos para mostrar resultados. Mesmo assim, às vezes é preciso forçar a vista para enxergá-los. E, então, há o pedágio urbano na cidade de Nova York.

Quase imediatamente após as tarifas entrarem em vigor no dia 5 de janeiro —cobrando da maioria dos motoristas US$ 9 para acessar a região de Manhattan— elas começaram a mudar os padrões do tráfego, o serviço de transporte público e até mesmo a pontualidade dos ônibus escolares.

Veículos passam ao lado de placa que sinaliza o início da zona tarifária do novo programa de pedágio urbano de Nova York, nos EUA - Mike Segar - 6.jan.25/Reuters

Evidências têm se acumulado de que o programa está alcançando seus dois principais objetivos —reduzir o congestionamento e arrecadar receita para melhorias no transporte público— apesar de o governo federal aumentar a pressão para interrompê-lo. Em março, as tarifas somaram US$ 45 milhões em receita líquida, colocando o programa no caminho para gerar cerca de US$ 500 milhões em seu primeiro ano.

O pedágio urbano foi projetado para financiar mais de US$ 15 bilhões em melhorias no transporte. Esses investimentos levarão anos, mas mudanças nas ruas já são perceptíveis. Leia o que se sabe até agora.

Menos carros estão entrando na área.

A ideia era que muitas pessoas, diante da tarifa, parassem de dirigir até o coração de Manhattan. Até agora, isso parece que está acontecendo.

A Autoridade Metropolitana de Transportes (MTA) estima que, em abril, houve diminuição de 76 mil veículos, por dia, transitando no distrito comercial central de Manhattan. Isso equivale a 2,3 milhões de carros a menos no mês.

O tráfego está fluindo mais rápido.

Com menos carros nas ruas, as velocidades aumentaram.

Dentro da zona de pedágio, à medida que mais trabalhadores retornaram aos escritórios, as velocidades médias tinham diminuído constantemente desde 2021, de acordo com dados do Departamento de Transportes da Cidade de Nova York. Então, a partir de janeiro, essa tendência se inverteu.

Uma análise externa de pesquisadores de Stanford, Yale e Google encontrou resultados semelhantes. Eles analisaram dados anônimos e agregados de viagens feitas com o Google Maps e descobriram que as velocidades médias de tráfego dentro da zona aumentaram 15% nos primeiros dois meses do pedágio urbano. Isso em comparação com o que os pesquisadores estimam que teria acontecido sem a tarifa, dadas as tendências de tráfego em outras cidades.

Os maiores ganhos de velocidade estão ocorrendo nos horários de pico.

As melhorias de velocidade têm sido maiores nos momentos mais congestionados, durante o pico do fim do dia útil.

O estudo do Google encontrou um padrão semelhante, mas um efeito ainda maior nos primeiros dois meses do programa, com velocidades dentro da zona de pedágio melhorando mais de 20% durante os horários de pico dos dias úteis, das 15h às 19h.

Os ônibus locais também estão se movendo mais rápido.

As velocidades dos ônibus também aumentaram, de janeiro a março, em cerca de 3,2% na comparação com o ano passado. Os ganhos ocorreram em quase todas as rotas locais incluídas na zona de pedágio.

A velocidade do trânsito não diminuiu fora da zona de pedágio.

Um grande temor sobre o pedágio urbano era que a medida melhorasse o tráfego em algumas áreas simplesmente empurrando carros e congestionamentos para outros lugares. Mas até agora, parece que isso não aconteceu.

De acordo com dados do Departamento de Transportes, as velocidades em bairros adjacentes ao norte de Manhattan e do outro lado do rio no Brooklyn e Queens, bem como no resto da cidade, têm sido estáveis ou ligeiramente mais rápidas do que no ano passado, dependendo da hora do dia.

O número de passageiros aumentou em todos os modos de transporte público.

Enquanto o número de carros nas ruas diminuiu, o uso do transporte público aumentou, sugerindo que muitos passageiros fizeram a troca.

Nos trens PATH que atendem aos passageiros de Nova Jersey que cruzam o rio Hudson, por exemplo, o número de passageiros aumentou em quase 6% nos primeiros três meses do ano em comparação com o ano passado.

As viagens de táxi amarelo dentro da zona também aumentaram.

As corridas de táxi amarelo que começam ou terminam na zona de pedágio aumentaram este ano: foram cerca de 8 milhões de viagens nos primeiros três meses do ano, em comparação com cerca de 7 milhões no mesmo período do ano passado.

Os passageiros de táxi em rotas que passam pela zona pagam 75 centavos adicionais por corrida (aqueles que andam em veículos de aluguel, como Uber, pagam US$ 1,50). Muitos na indústria de táxis temiam que um custo adicional às tarifas desencorajasse os passageiros e prejudicasse ainda mais uma indústria que vem perdendo negócios há anos. Até agora, isso não aconteceu.

As viagens de bicicleta aumentaram na zona de pedágio e em toda a cidade.

É menos claro que as pessoas estão mudando para bicicletas. De acordo com o Citi Bike, o número de usuários no programa de compartilhamento de bicicletas até 20 de abril aumentou de forma semelhante tanto dentro da zona de pedágio quanto em toda a cidade, 8% a 9%, em comparação com o ano passado.

Mas o Citi Bike expandiu a rede ao longo do tempo, tornando imperfeitas as comparações diretas de viagens com anos anteriores. Em resumo, provavelmente é muito cedo para analisar os efeitos do pedágio urbano no ciclismo.

Acidentes de carro e ferimentos diminuíram.

Com menos carros nas ruas, houve menos acidentes —e menos ferimentos resultantes.

Acidentes na zona de pedágio que resultaram em ferimentos caíram 14% este ano, até 22 de abril, em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com relatórios policiais detalhando colisões de veículos motorizados. O número total de pessoas feridas em acidentes (com várias pessoas às vezes feridas em um único acidente) diminuiu 15%.

Acidentes e ferimentos também diminuíram em toda a cidade fora da zona de congestionamento, mas em menor escala, sugerindo que os pedágios podem ser um fator na diferença.

As infrações de estacionamento diminuíram.

Dados sobre infrações sugerem que certos tipos de comportamento considerados arriscado dos motoristas estão diminuindo.

Multas emitidas dentro da zona do pedágio —por infrações como estacionamento em fila dupla ou estacionamento em zonas proibidas— caíram quase 4% de janeiro até meados de abril em comparação com o ano passado. Durante este período, houve um pequeno aumento nas infrações no resto de Manhattan.

Menos nova-iorquinos estão reclamando do barulho do trânsito.

Reclamações relacionadas a ruídos de veículos caíram quase pela metade de 2024 para 2025. Reclamações semelhantes relacionadas a carros também diminuíram, mas não tão drasticamente.

O Departamento de Proteção Ambiental da cidade opera duas câmeras de ruído dentro da zona de congestionamento. Elas detectam ruídos superiores a 85 decibéis e, como uma câmera de semáforo, registram o veículo infrator. De 5 de janeiro a 4 de abril de 2024, o departamento emitiu 27 multas por buzinas. Durante esse período neste ano, emitiu seis, com outras oito pendentes.

Os tempos de resposta dos bombeiros estão melhorando.

Os tempos médios de deslocamento para as respostas do Corpo de Bombeiros para incêndios dentro da zona de congestionamento caíram cerca de 3% de janeiro a março deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados de despacho do Corpo de Bombeiros.

Provavelmente é muito cedo para dizer se a aceleração dentro da zona é resultado do pedágio urbano. Os tempos de deslocamento podem flutuar ano a ano, e autoridades do Corpo de Bombeiros alertaram que o pedágio urbano era apenas um possível fator.

Mais estudantes estão chegando às aulas no horário.

Uma empresa de ônibus escolares, NYC School Bus Umbrella Services (NYCSBUS), descobriu que, em comparação com 2024, a proporção de ônibus chegando atrasados às escolas diminuiu mais dentro da zona de congestionamento do que fora dela.

A empresa calcula que essas reduções de atrasos dentro da zona significaram que os alunos transportados recebem mais de 30 minutos adicionais de tempo de instrução por semana, em média.

Os ônibus municipais estão se tornando mais confiáveis.

Os passageiros se importam muito com uma métrica relacionada à velocidade, mas distinta dela: o ônibus vem quando o cronograma diz que virá?

Mais rotas de ônibus agora estão operando sem atrasos, de acordo com dados da MTA. Os atrasos de ônibus diminuíram em toda a cidade, mas a melhoria foi maior dentro da zona de pedágio.

O número de visitantes aumentou na zona de congestionamento.

Críticos argumentaram que o pedágio assustaria turistas e prejudicaria negócios locais. Até agora, não há muitas evidências disso.

Em março, pouco mais de 50 milhões de pessoas visitaram distritos comerciais dentro da zona de pedágio, ou 3,2% a mais do que no mesmo período do ano passado, segundo a Corporação de Desenvolvimento Econômico da Cidade de Nova York (a estimativa tenta excluir pessoas que trabalham ou vivem na área).

Outros indicadores comerciais estão indo bem até agora.

A capacidade dos teatros da Broadway é essencialmente estável em comparação com o ano passado, depois de considerar o aumento do número de espetáculos este ano.

As reservas online de restaurantes através da plataforma Open Table aumentaram cerca de 7% na zona de pedágio até 22 de abril em comparação com o ano passado. Isso é semelhante à tendência em toda a cidade, de acordo com a empresa.

Estes são apenas recortes da economia de Manhattan, e não é difícil encontrar proprietários de negócios individuais que sentem que as coisas estão piores por causa do pedágio urbano. Mas esses efeitos ainda não parecem estar aparecendo em grande escala.

É muito cedo para saber se a poluição está diminuindo.

Os defensores do pedágio urbano disseram que ele também criaria benefícios ambientais, com menos carros poluentes nas ruas (e menos tempo em marcha lenta em congestionamentos ou circulando em busca de estacionamento).

As leituras do departamento de saúde da cidade de Nova York de PM2.5, uma medida de qualidade do ar, melhoraram em toda a cidade nos primeiros três meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2024. A melhoria foi mais pronunciada dentro da zona de pedágio, mas é muito cedo para atribuir isso ao programa, ou para saber se é um padrão duradouro, disseram especialistas.

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