Foi descoberto que os medicamentos para perda de peso têm impacto na saúde mental

Um estudo suíço mostrou que o bem-estar e a qualidade de vida podem ser melhorados em maior extensão do que com insulina e outros medicamentos antidiabéticos. De acordo com pesquisas, medicamentos para perda de peso podem ser bons para a saúde mental das pessoas e também podem ajudar a controlar o apetite.

Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Berna, na Suíça, descobriu que injeções supressoras de apetite também melhoram o humor, o bem-estar e a qualidade de vida em maior extensão do que a insulina e outros medicamentos antidiabéticos, relata o The Guardian.

Originalmente desenvolvidos para pacientes com diabetes, esses medicamentos transformaram o tratamento da obesidade, e há evidências crescentes de seus benefícios mais amplos à saúde.

O Instituto de Estudos Fiscais estima que cerca de 13% a 15% das pessoas em idade ativa na Inglaterra e no País de Gales têm um problema de saúde mental ou comportamental de longo prazo, com 2 milhões de pessoas acessando os serviços de saúde mental do NHS em dezembro de 2024.

O estudo, apresentado no Congresso Europeu sobre Obesidade em Málaga, Espanha, também descobriu que medicamentos para perda de peso são seguros e eficazes para adultos que tomam antipsicóticos ou antidepressivos para doenças mentais graves.

Esses medicamentos, escreve o The Guardian, pertencem a um grupo conhecido como agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1), que retardam a digestão e reduzem o apetite. Os autores descobriram que o tratamento com medicamentos contendo semaglutida não foi associado a uma pior saúde mental ou a um risco aumentado de novas doenças mentais ou hospitalizações psiquiátricas.

Cinco estudos mostraram que eles melhoram o bem-estar mental e a qualidade de vida em pessoas com transtornos do espectro da esquizofrenia, transtornos depressivos maiores e transtorno bipolar. Em adultos sem doenças mentais, as injeções para perda de peso tiveram um efeito mais benéfico na saúde mental do que a insulina e outros medicamentos antidiabéticos.

A principal autora do estudo, Dra. Sigrid Breit, da Universidade de Berna, afirmou: “Os agonistas do receptor GLP-1 RAs podem ter efeitos antidepressivos e calmantes, possivelmente devido às suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, que também podem ajudar a reduzir a neuroinflamação. Essas descobertas são particularmente importantes para pessoas com transtornos mentais graves, que têm três vezes mais probabilidade de serem obesas do que a população em geral.”

Especialistas em saúde mental receberam bem as descobertas do estudo. O Dr. Ed Beveridge, presidente do Royal College of Psychiatrists, responsável pela saúde física, comenta: “Sabemos que muitas pessoas com doenças mentais têm problemas para controlar o peso por diversos motivos. Portanto, se forem clinicamente consideradas aptas, é vital que sejam consideradas um grupo prioritário para acesso à semaglutida, com medidas de monitoramento adequadas em vigor após a prescrição.”

Rachel Hastings-Kaplan, gerente de políticas de pesquisa clínica da Rethink Mental Disease, afirmou: “A saúde física de pessoas com doenças mentais graves é frequentemente negligenciada e elas morrem tragicamente, em média, 20 anos antes do restante da população, muitas vezes de doenças evitáveis, como diabetes. Elas enfrentam escolhas difíceis quanto ao uso de medicamentos como antipsicóticos, que, embora potencialmente reduzam os sintomas de doenças mentais e as ajudem a lidar com a vida cotidiana, podem piorar sua saúde física devido aos seus efeitos colaterais.

Embora esta pesquisa sobre medicamentos para perda de peso seja importante e promissora, acreditamos que tais medicamentos sejam apenas uma solução de curto prazo. Precisamos aumentar o investimento na busca de tratamentos, sejam novos medicamentos ou outras formas de suporte clínico, que melhorem as doenças mentais sem efeitos colaterais graves. As injeções para perda de peso só devem ser usadas sob a orientação e o aconselhamento de um médico, e atenção especial deve ser dada a pessoas com risco de transtornos alimentares.”