Eles veem risco na Plataforma Única de Identificação

A recente reforma da Lei Geral de Pessoas Desaparecidas, que inclui a criação da Plataforma Única de Identificação (PUI), foi analisada por Mónica Meltis, diretora executiva da Data Cívica, que alertou que, embora essa ferramenta possa facilitar o cruzamento de informações para localizar pessoas desaparecidas, também apresenta riscos significativos em sua implementação e uso.
Durante um fórum que marcou o Dia das Vítimas de Desaparecimentos Forçados, Meltis enfatizou que a participação das famílias no processo de busca não deve ser entendida como uma concessão do Estado, mas sim como uma obrigação legal e moral.
Da mesma forma, o especialista explicou que o PUI visa interconectar bases de dados em saúde, migração, justiça, telecomunicações e outras áreas, e funcionar como um meio oficial de verificação de identidade em tempo real.
O componente central é o chamado CURP biométrico, que incluiria impressões digitais, escaneamentos de íris e outros dados confidenciais.
“Entre as preocupações, a primeira coisa é saber como e quando o PUI será realizado (…) Foi possível incorporar um elemento de rastreabilidade para entender quem está usando a plataforma, mas não está claro como as famílias serão responsabilizadas.”
Ele também afirmou que diversas autoridades poderiam usar essa plataforma, mas também não está claro se ela será usada para fins de busca e identificação.
Por sua vez, Volga de la Piña, sócia-gerente da Dragon Lab Consultoras, considerou que um dos fatores a considerar são os Ministérios Públicos locais.
"Nos círculos oficiais, ainda não entendem o que significa busca. Estamos presos a ferramentas. Coletar dados só por coletar é inútil. O elefante na sala que nos impede de fazer qualquer coisa são os Ministérios Públicos", afirmou.
Começam as negociações
Por sua vez, o Instituto Nacional Eleitoral (INE) e a Agência para a Transformação Digital e Telecomunicações (ATDyT) realizaram uma reunião inicial para formalizar um acordo de colaboração para a identificação de pessoas desaparecidas por meio do Registro Eleitoral Federal.
Foi anunciado que durante esta reunião de trabalho, eles exploraram um caminho crítico conjunto para formalizar um acordo com o objetivo principal de trabalhar com o banco de dados do Registro Federal de Eleitores (RFE).
Esclareceram também que esta reunião inicial tem como objetivo elaborar uma agenda de trabalho que abranja os temas de colaboração interinstitucional estabelecidos nas reformas da Lei Geral de Desaparecimentos Forçados de Pessoas, Desaparecimentos Cometidos por Indivíduos e do Sistema Nacional de Busca de Pessoas, da Lei Geral de População e da Lei Nacional de Eliminação de Trâmites Burocráticos.
Eleconomista