Modernização do Dian: uma tarefa pendente que coloca os contadores em risco

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A Direção Nacional de Impostos e Alfândegas (DIAN) está passando por uma crise tecnológica que se tornou uma grande preocupação para contadores e contribuintes na Colômbia, principalmente devido à plataforma Muisca, que gerencia as declarações de impostos de milhões de colombianos, o que continua sendo uma dor de cabeça durante a temporada de declaração de impostos.
Apesar dos esforços para modernizá-lo, esse sistema continua gerando inúmeros problemas de acessibilidade e operação; Enquanto falhas recentes evidenciaram uma tarefa pendente nesta entidade com a modernização de suas plataformas, um processo que, apesar dos esforços, não parece apresentar os resultados esperados.
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Em meio a protestos e ocupações, a associação de contadores denuncia que a situação atual não é novidade e que, a cada ano, com a chegada dos prazos de entrega dos impostos, os contadores enfrentam um sistema falido que os impede de atender com eficiência às demandas dos contribuintes.
Para entender melhor o que está acontecendo, o Portafolio conversou com diversos profissionais de contabilidade, que afirmaram que as interrupções na plataforma Muisca, somadas ao alto congestionamento gerado pela concentração de prazos em um curto espaço de tempo, têm causado angústia e estresse, pois têm sido obrigados a cumprir longas jornadas, inclusive em horários não convencionais, para cumprir seus prazos.

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Fonte: DIAN - Conta oficial X
Christian Quiñónez, ex-diretor adjunto de inspeção do DIAN, afirmou claramente que o sistema não tem capacidade para receber todas as declarações ao mesmo tempo e acredita que é prudente declarar estado de emergência urgente, porque não só os contadores estão sendo afetados, mas também os funcionários que não podem desempenhar suas funções devido à indisponibilidade do sistema.
"A incapacidade dos Muisca de administrar a carga de trabalho durante os prazos de pico não só cria caos entre os profissionais da área, mas também entre os próprios funcionários da Dian, que enfrentam as mesmas limitações tecnológicas", enfatizou o especialista.
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Um sistema que gera frustraçãoO mais preocupante de tudo isso é que as falhas tecnológicas não são exclusivas deste ano e, apesar dos alertas e apelos, ainda não há melhorias. Segundo Flor Estela Quiroga Mora, coordenadora da Comissão Nacional de Comércio de Contadores Públicos, as inconsistências na plataforma Muisca passaram a fazer parte de seu cenário profissional.
“Todos os anos, quando os contribuintes têm um grande número de formalidades a apresentar, estamos constantemente apresentando reclamações sobre falhas na plataforma. Este problema parece não ter fim”, disse Quiroga, que também questionou o fato de que, em vez de resolver esses problemas de raiz, foram implementadas soluções temporárias que apenas prolongam a situação.

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O problema não recai apenas sobre os contadores e contribuintes, mas também sobre a própria DIAN, que, como agência arrecadadora de impostos, vê sua capacidade de cumprir suas funções em risco se não tiver um sistema robusto e confiável à sua disposição. Reclamações sobre a instabilidade do sistema estão aumentando à medida que os prazos de declaração de impostos, IVA e retenção na fonte se aproximam.
A falta de comunicação oportuna sobre o status da plataforma agrava a frustração dos contribuintes, que ficam expostos a penalidades por não conseguirem cumprir com suas obrigações devido a falhas tecnológicas fora de seu controle.
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Já Juan Felipe Arenas, presidente da Associação de Contadores Conexion Contable, ressalta que a situação foi mais do que o esperado, visto que "no ano passado informamos que o calendário de vencimentos do Dian não funcionava com a plataforma Muisca. Criamos uma comissão técnica com a Ouvidoria do Contribuinte e, como esperado, o sistema não funcionou".
Diante de tudo isso, mais uma vez, os contadores, pressionados pelas dificuldades tecnológicas e pela proximidade dos prazos, tiveram que recorrer a protestos e reclamações para que a magnitude dos problemas fosse reconhecida e o estado de emergência fosse oficialmente decretado.

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A demora na declaração do estado de emergência é outro ponto de crítica. Ressalta-se aqui que, após pressão de entidades de classe contábil, a empresa finalmente decidiu decretar estado de emergência um dia após a queda do sistema, o que gerou ainda mais estresse entre os profissionais do setor.
Embora tenham apreciado o gesto, eles deixaram claro que o sistema não cobre todos os dias afetados por falhas no sistema, deixando muitos contribuintes em uma situação de incerteza e medo de penalidades por não cumprir os prazos exigidos.
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O impacto na saúde mentalLongas jornadas de trabalho, incerteza sobre a capacidade do sistema de processar devoluções e a falta de garantias de que não haverá penalidades por atrasos não causados por contadores estão afetando seriamente a saúde mental dos profissionais. Muitos deles, como destacou Quiñónez, sofrem de estresse devido à sobrecarga de trabalho e à pressão para cumprir prazos impostos.
Sobre o que está acontecendo com os contadores, Flavio Ortegón, contador sênior da Administro, empresa especializada em propriedade horizontal, relatou que "ontem e anteontem, o processo de entrada e validação para a apresentação de retenções na fonte, declarações de imposto de renda e IVA, entre outros processos, foi extremamente lento. Entendo que a DIAN (Agência Nacional de Impostos) anunciou recentemente que, devido à indisponibilidade de seu site, estava prorrogando os prazos para esses tipos de procedimentos."

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Imagem gerada com Inteligência Artificial - ChatGPT
Apesar das muitas críticas e reclamações, a modernização da plataforma Muisca continua uma tarefa pendente. Lisandro Junco, ex-diretor do Dian, explicou que em 2022 os recursos para substituir o sistema estavam prontos, mas o andamento foi interrompido.
" O motivo dos problemas atuais é que eles interromperam o processo de modernização . US$ 250 milhões foram reservados para implementar um novo sistema, mas a Dian decidiu continuar investindo recursos em um sistema desatualizado", disse Junco.
Assim, reiterou o apelo para que sejam investidos os recursos necessários na atualização das plataformas tecnológicas e na elaboração de um calendário tributário que não coloque em risco o funcionamento do sistema nem a saúde dos profissionais responsáveis pelo cumprimento dessas obrigações, já que a confiança no sistema tributário colombiano depende de uma infraestrutura moderna, segura e eficiente.
Enquanto isso, os contadores continuarão lutando por seus direitos e por uma solução que beneficie não apenas os profissionais do setor, mas todos os colombianos, que dependem de um sistema tributário funcional para o desenvolvimento econômico do país.
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