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Como as águas-vivas paralisaram a usina nuclear de Gravelines?

Como as águas-vivas paralisaram a usina nuclear de Gravelines?
Águas-vivas, encontradas nas praias do norte da França, estão paralisando a maior usina nuclear do país, entupindo os filtros. A professora de física nuclear Emmanuelle Galichet explica na RMC os motivos dessa paralisação e as consequências resultantes.

A maior usina nuclear da França , em Gravelines, no norte do país, foi desativada. Desde a manhã de segunda-feira, quatro reatores foram desligados devido à presença de medusas nas bombas.

Nos últimos dias, pequenas águas-vivas azuis têm aparecido no litoral devido ao calor. Como a usina está localizada à beira-mar, ela bombeia água do mar para "resfriar a parte secundária da usina, a turbina e o alternador", explicou Emmanuelle Galichet, professora de física nuclear, ao programa RMC desta terça-feira.

Essa água "deve ser limpa, não muito salgada" para ser utilizada. Se houver medusas ou algas, elas podem entupir os filtros que removem as impurezas. "Há momentos em que essa entrada de água fica bloqueada. Nesse caso, há um procedimento de reserva que faz com que os reatores sejam desligados porque a parte secundária não está mais resfriada o suficiente", explica Emmanuelle Galichet.

3 perguntas para entender: A usina nuclear de Gravelines e as águas-vivas - 12/08

"O resfriamento do reator é uma questão de segurança crucial", acrescenta Francis Roy, consultor de segurança nuclear. "Ou seja, se não resfriarmos o reator, poderemos ter um derretimento do núcleo, um derretimento dos conjuntos de combustível."

Este fenômeno é bastante "excepcional", mas "pode acontecer e acontece até mesmo em usinas de energia no Japão ou nos Estados Unidos", segundo o especialista. Na França, a EDF já havia enfrentado um revés semelhante, "na década de 1990", segundo o porta-voz do grupo.

A usina de Gravelines está sendo desativada pela primeira vez em sua história. Na década de 1980, ela já havia sido afetada por groselhas-do-mar, um tipo de molusco.

Mas esse problema não representa "nenhum perigo" para os moradores da região ou para os funcionários da usina, segundo Emmanuelle Galichet, professora pesquisadora de física nuclear, porque não diz respeito "ao circuito primário que é o reator nuclear".

O local cobre 70% do consumo de eletricidade da região de Hauts-de-France e abastece muitos países vizinhos. No entanto, não há impacto na rede elétrica, já que uma bacia de retenção rapidamente assumiu o controle no local. "As outras usinas também assumiram o controle, e a rede elétrica é nacional, até europeia, então há outros meios de produção que assumem o controle", tranquiliza Emmanuelle Galichet.

O problema deve ser resolvido rapidamente. A EDF garante que todas as medusas serão removidas dos filtros em poucas horas. A produção de energia deverá ser retomada gradualmente a partir das 23h desta terça-feira. A previsão é de que o fornecimento volte ao normal neste fim de semana. Esta interrupção terá diversas consequências para a EDF, principalmente financeiras.

"Um dia sem um reator funcionando representa um milhão de euros de prejuízo para a EDF", estima Emmanuelle Galichet.

O professor de física nuclear acrescenta que a empresa terá que se adaptar ao aquecimento global. "Se houver cada vez mais medusas ou algas, a EDF terá que implementar proteções em áreas costeiras", conclui o especialista.

RMC

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