A artilharia saiu do banco para conquistar Lisboa

Lisboa, 24 de maio de 2025. Pela segunda vez na história, Portugal acolheu a final da Liga dos Campeões feminina. A capital portuguesa voltou a ser a escolhida pela UEFA que, em 2014, optou pelo Estádio do Restelo, numa partida que terminou com o triunfo do Wolfsburgo frente ao Tyresö (4-3). Onze anos depois era a vez de o Estádio José Alvalade receber a partida decisiva entre o Arsenal, que procurava colocar fim a um jejum de 18 anos, e o Barcelona, bicampeão europeu. Curiosamente, o grande destaque desta final acabou por nem atuar dentro das quatro linhas: Kika Nazareth. A internacional portuguesa que deixou o Benfica no verão para rumar às blaugranas encontra-se lesionada e, por isso, não teve a oportunidade de jogar esta partida em casa. No treino de adaptação ao relvado, realizado na sexta-feira, a avançada não conseguiu conter as lágrimas enquanto se encontrava junto ao terreno de jogo.
???????? Las lágrimas de Kika Nazareth durante el entrenamiento del Barça… pic.twitter.com/egzQkCGNLG
— DAZN España (@DAZN_ES) May 23, 2025
No lado inglês, a temporada foi bastante atribulada e contou com trocas no comando técnico, já que Jonas Eidevall foi despedido e acabou substituído por Renée Sleegers, que viria a surpreender e passou de interina a treinadora principal. O grande resultado acabou por ser a vitória na meia-final frente ao Lyon, mesmo depois de a francesas terem vencido em Londres (1-2). Em França, o Arsenal inverteu o cenário negativo com uma goleada, eliminou o recordista de títulos da Champions feminina e apurou-se para a final de Alvalade (1-4). Dentro de portas, as londrinas terminaram o Campeonato na segunda posição, atrás de um Chelsea imbatível que chegou ao hexacampeonato. Na Taça de Inglaterra, a equipa treinada pela neerlandesa foi eliminada nos quartos de final, pelo Liverpool (casa, 0-1), ao passo que na Taça da Liga não foi além das meias-finais (1-2 frente ao Man. City).
“Levar um clube a uma final da Liga dos Campeões exige imenso trabalho, e esse trabalho é feito constantemente. Para mim, o momento-chave foi a segunda mão contra o Bayern, em casa, onde mostrámos muito enquanto equipa. Sempre soubemos, e as jogadoras também sabem, que somos uma grande equipa de futebol. Foi um momento muito especial. Acho que tudo o que vimos na segunda mão contra o Lyon reflete muito trabalho e dedicação das jogadoras. Acho que esse empenho, essa vontade de resolver os problemas, de atingir o próximo nível, de desafiar o que existe… é isso que tem sido mais especial para mim ao fazer parte desta equipa. É por isso que as jogadoras estão agora aqui, prontas para jogar esta final”, analisou Slegers.
???? SOLD OUT ????
For a third consecutive season, the #UWCL final is a sell out ????
Bring on Saturday! ????????#UWCLfinal pic.twitter.com/USrdFIvKIT
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Conquistar a principal prova do futebol europeu pela quarta vez, a terceira de forma consecutiva, era o principal objetivo do Barcelona para este sábado. Longe do domínio de outros tempos, as catalãs rubricaram mais uma temporada de nível elevado e chegaram a esta final com apenas três derrotas — duas na Liga espanhola e uma na Champions — em 47 jogos. Curiosamente, os dois desaires internos aconteceram em casa, frente a Levante (1-2) e Real Madrid (1-3), mas não impediram a equipa de Pere Romeu de chegar ao hexacampeonato. Já a derrota fora de portas deu-se na primeira jornada da fase de grupos, em casa do Man. City (2-0). Desde então, o Barcelona venceu todos os jogos na competição e somou um saldo de golos de… 44-5, mesmo com Wolfsburgo (10-2) e Chelsea (8-2) a cruzarem-se no seu caminho. As espanholas também conquistaram a Supertaça espanhola (5-0 ao Real) e vão disputar a final da Taça da Rainha, contra o Atl. Madrid, de Tatiana Pinto.
“É uma partida especial porque é uma final. Tivemos uma competição muito boa na maioria das nossas partidas. É uma final, esta equipa tem experiência em finais e sabemos o tipo de partida que queremos jogar. Foi uma semana de muito trabalho. Passámos muitas horas a discutir com a equipa técnica, e isso dá-nos muita confiança e convicção para fazer as coisas da forma certa. Amanhã [sábado] teremos que fazer uma boa partida, colocar o ritmo necessário para dominar, que é o que mais queremos. E se nos sairmos bem, estaremos mais perto da merecida vitória”, perspetivou Romeu.
???????????????????????????? Dia de Final! ????????
A história ao alcance de dois grandes clubes ????#UWCL | #UWCLfinal pic.twitter.com/9fGB0K2BFX
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Assim, esta final inédita contou com lotação esgotada em Alvalade, algo que aconteceu pela terceira edição consecutiva da Champions feminina. Sem Rosa Kafaji, Renée Sleegers apostou no onze que venceu em Lyon e manteve Daphne van Domselaar na baliza do Arsenal, ao passo que o Barcelona entrou para a sua 100.ª partida na competição, precisamente frente ao primeiro adversário que enfrentou, apenas sem Kika, mas com um meio-campo de luxo, composto por Patri Guijarro, Alexia Putellas e Aitana Bonmatí.
As gunners tentaram surpreender desde o primeiro, implementando um estilo de jogo muito intenso e que condicionou a fase de construção das blaugranas. A primeira ocasião da final pertenceu mesmo às inglesas, com Kim Little a cruzar da direita e Caitlin Foord a aparecer com perigo ao segundo poste, mas a cabecear ao lado (11′). Com o passar dos minutos, o Barcelona começou a estabilizar o seu jogo, mas o Arsenal até marcou, através de um autogolo de Irene Paredes, só que o lance acabou anulado por fora de jogo (22′). Pouco depois, Frida Maanum desferiu um remate colocado de longe, obrigando Cata Coll voar para impedir o golo (27′). Na sequência do canto, Little apareceu completamente sozinha na pequena área, mas o seu remate saiu muito por cima (28′). O jogo continuou frenético, com mais fulgor ofensivo das espanholas, mas mantia-se o nulo ao intervalo (0-0).
???? Barcelona = the newest members of the 100 #UWCL games club ????#UWCLfinal || @FCBfemeni pic.twitter.com/KoDf1X6Elr
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No recomeço do encontro, foi a vez do Barcelona entrar mais perigoso e, nos primeiros minutos, Clàudia Pina atirou à barra, com a bola ainda a desviar em Emily Fox (49′). Pouco depois, Putellas ganhou espaço dentro da área, mas optou por tocar para o lado para Ona Batlle que, de fora da área, atirou de pronto ao lado do poste esquerdo (53′). O Arsenal continuou sem conseguir travar as culés e, depois de uma arrancada de Aitana, Van Domselaar voltou a ser posta à prova (61′). Já com Salma Paralluelo, Stina Blackstenius e Beth Mead em campo, Blackstenius aproveitou uma perda de bola de Mapi León, conduziu até à área, atirando depois cruzado para uma grande defesa de Coll, com as pernas (72′). Logo a seguir, Mead tentou rematar de fora da área, a bola sobrou para Blackstenius que, de pé direito, atirou a contar para o golo inaugural (75′).
Blackstenius veio do banco para colocar o Arsenal com as mãos na taça? ????
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Pere Romeu respondeu de pronto com as entradas de Ingrid Engen e Esmee Brugts, mas as inglesas continuaram a dificultar a sua prestação, sem recuar as linhas, como demonstra a entrada de Lina Hurtig a quatro minutos do fim. Já nos descontos, Renée Slegers fechou a baliza com a defesa Lotte Wubben-Moy, embora o Barcelona não tenha conseguido ir além de cruzamentos laterais para a área. Desta forma, o Arsenal segurou a vantagem mínima até ao fim e sagrou-se campeão europeu 18 anos depois de ter vencido a sua primeira e até agora única final (1-0). As gunners continuam a ser a única equipa inglesa a vencer a Liga dos Campeões feminina, ao passo que Mariona Caldentey, que abandonou o Barcelona no início da época, continua com o estatuto de campeã da Europa.
WE’VE DONE IT! WE ARE CHAMPIONS OF EUROPE ONCE AGAIN ???????? pic.twitter.com/Vta5nhZrA4
— Arsenal Women (@ArsenalWFC) May 24, 2025
observador