Europa Ocidental regista mês de junho mais quente de sempre

O último mês de junho foi o mais quente de que há registo na Europa Ocidental, com temperaturas extremas a atingir o continente em duas ondas de calor consecutivas, anunciou esta quarta-feira o serviço europeu Copernicus.
Junho foi marcado por duas ondas de calor na região — entre 17 e 22 de junho, e a partir de 30 de junho — “excecionais”, observou Samantha Burgess, climatologista do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do programa da União Europeia de observação da Terra Copernicus.
No contexto do aquecimento global, “estas ondas de calor serão provavelmente mais frequentes, mais intensas e afetarão cada vez mais pessoas na Europa“, enfatizou Burgess, em comunicado de imprensa.
As temperaturas ultrapassaram regularmente 40 graus Celsius (ºC) em vários países e atingiram 46°C em Espanha e Portugal.
O dia 30 de junho, um novo recorde diário mensal, foi “um dos dias de verão mais quentes de que há registo” no continente, destacou o comunicado.
De acordo com a sensação térmica, que mede o impacto no corpo humano tendo em conta a humidade e o vento, a norte de Lisboa, o Índice Climático Térmico Universal atingiu 48°C, o que corresponde a “stress térmico extremo“, apontou o Copernicus.
Junho foi também marcado por uma onda de calor marinha no Mediterrâneo Ocidental, com as temperaturas da superfície do mar a dispararem desde o início do mês, atingindo uma temperatura média recorde de 27°C no dia 30 de junho.
“Estas temperaturas excecionais da água do Mediterrâneo reduziram o arrefecimento noturno do ar ao longo das costas e aumentaram a humidade, exacerbando assim os efeitos do stress térmico”, sublinhou o Copérnico.
Globalmente, o mês passado foi o terceiro junho mais quente de que há registo, logo atrás de junho de 2024 (que foi 0,2°C mais quente) e quase ao mesmo nível (0,06°C) de junho de 2023.
De acordo com os cálculos da agência de notícias France-Presse, com base nos dados do Copernicus, 12 países e cerca de 790 milhões de pessoas em todo o mundo viveram o junho mais quente de sempre. Foi o caso do Japão, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Paquistão e Tajiquistão.
Em abril, um relatório conjunto do Copernicus e da Organização Meteorológica Mundial (OMM) disse que quase metade da Europa registou temperaturas anuais recorde em 2024 e em 60% do continente houve mais dias do que a média com pelo menos “stress térmico forte” devido ao calor.
O documento adianta que o número de dias com stress térmico forte, muito forte e extremo foi “o segundo mais alto já registado”.
A propósito das condições climáticas extremas, o estudo referiu os incêndios florestais em Portugal, que em setembro de 2024 queimaram cerca de 110 mil hectares (1.100 quilómetros quadrados) numa semana, o que representa cerca de um quarto do total anual da área ardida da Europa.
observador