Eles não são os reis apenas de Wrocław. Os ratos são um problema caro nas cidades ocidentais.

Os ratos são um problema crescente em muitas cidades ocidentais, com o clima favorável permitindo que se reproduzam mais rápido do que nunca, de acordo com um estudo publicado na Science Advances. Cidades como Amsterdã, Toronto e Nova York estão testemunhando um aumento no número de roedores, e especialistas alertam que o problema pode piorar com o aquecimento global e as crescentes montanhas de lixo urbano.
Na última década, o número de ratos em algumas metrópoles aumentou significativamente – 390% em Washington, D.C., 300% em São Francisco e 186% em Toronto. Os autores do estudo enfatizam que tendências semelhantes também se aplicam às cidades europeias, embora a escala varie dependendo das condições locais. Em Amsterdã, onde o problema é particularmente pronunciado, foram relatados aproximadamente 6.800 casos de ratos habitando apartamentos, restaurantes ou lojas em 2024 – 600 a mais que no ano anterior.
Segundo cientistas, o aumento das temperaturas está prolongando a temporada de reprodução dos roedores e reduzindo sua mortalidade no inverno. "Esta é a descoberta mais preocupante do estudo – onde o clima esquenta mais rápido, as populações de ratos aumentam mais rapidamente", comenta o professor Jonathan Richardson, da Universidade de Richmond.
A mídia local está noticiando incidentes espetaculares envolvendo ratos. Em Arnhem, na Holanda, roedores expulsaram famílias de suas casas e, na Inglaterra, foram registrados casos de ratos com até 56 cm de comprimento, quase o tamanho de um gato. Em Berlim, as autoridades estão impondo multas pesadas para quem jogar kebabs, uma iguaria para roedores, nas ruas. Em Paris, o número de ratos é estimado em mais de quatro milhões, um fato que há muito tempo preocupa os moradores.
Um estudo de 2024 publicado na revista Urban Ecosystems por de Cock et al. analisou ratos (Rattus norvegicus e R. rattus) capturados em três cidades holandesas — Amsterdã, Roterdã e Eindhoven. Eles descobriram que o aumento da vegetação urbana (medido pelo NDVI, pela presença de restaurantes e zoológicos interativos) estava correlacionado ao aumento da população de ratos. Os autores sugerem que as áreas verdes oferecem alimento e abrigo, o que promove o crescimento populacional de ratos.

Especialistas enfatizam que o problema decorre principalmente da atividade humana. "O problema não são os ratos, mas nós — a forma como armazenamos alimentos e resíduos", diz Floris Hoefakker, do Staatsbosbeheer holandês. Ele acredita que as próprias pessoas "estendem o tapete vermelho" para os roedores, deixando latas de lixo abertas e sistemas de esgoto com vazamentos.
Os ratos representam não apenas um risco à saúde — eles transmitem mais de 60 doenças, incluindo leptospirose e hantavírus — mas também uma ameaça psicológica. Pesquisas indicam que encontros frequentes com roedores reduzem o bem-estar dos moradores das cidades.
Apesar da má reputação, alguns pesquisadores apontam que os ratos são animais inteligentes e sociáveis. "São criaturas altamente empáticas que, como nós, simplesmente buscam comida", observa a bióloga Maite van Gerwen, criticando a demonização da espécie.
Cientistas sugerem que o combate à praga não deve se basear no extermínio em massa, mas na redução da atratividade das cidades para os roedores – por exemplo, por meio de uma melhor gestão de resíduos e da educação dos moradores. "Todas as cidades estão declarando guerra aos ratos, mas para vencer, é preciso saber que tipo de inimigo se está enfrentando", conclui Richardson.
Patryk Kulpok (PAP)
pmk/zan/

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