A outra Cimeira

Nada de novo em Anchorage. Chamaram-lhe cimeira. Foi espetáculo aéreo. “O meu avião é maior do que o teu.” Obrigado pela ajuda para deixar de ser um foragido. A tal cimeira — que nome! — não passou de um carimbo nos planos de Putin. E Trump fez de notário.
“Quero Luhansk e Donetsk. Quero as frentes onde estão, e por isso também Zaporíjia e Kherson. A Crimeia nem se discute.” Putin disse. Trump engoliu. Sem cessar-fogo. Sem paz. Munique outra vez. Chamberlain na pele do presidente americano. E Yalta no ar.
Trump não desistiu. Nada avançou com a Ucrânia, mas abriu as portas a Putin. As que tinham sido fechadas em 2014. E em 2022. “Convocou” Zelensky para a Sala Oval. Outra armadilha. Mas azar, desta vez.
Zelensky vai a Washington. Mas não vai sozinho. Leva mais Sete, no mínimo. E que Sete! Keir Starmer, Emmanuel Macron, Giorgia Meloni (esta PM está a afirmar-se no palco global), Friedrich Merz, Ursula von der Leyen, Mark Rutte, Alexander Stubb. A Trump saiu-lhe a rifa. Não os pode despachar. São aliados que só querem saber uma coisa: afinal, o Alasca serviu a quem?
Putin venceu. Reafirmou tudo. Ficou com o palco mundial. Trump também ficou com o seu papel: dobrar Zelensky na ratoeira da Casa Branca.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
Visao